Se os prazos estabelecidos pela CPTM e pelo governo Geraldo
Alckmin (PSDB) forem cumpridos, em abril do ano que vem estreará um trem
expresso entre o centro de São Paulo e o aeroporto internacional de Cumbica, em
Guarulhos. A viagem, a partir do histórico terminal da Luz, vai durar cerca de
35 minutos.
Não é a primeira previsão. Desde 2002 existe a promessa de
governos tucanos para a criação de uma viagem expressa sobre trilhos no trecho.
Quem chegar à estação Aeroporto, porém, ainda terá que caminhar para acessar
uma passarela coberta e pegar um ônibus da concessionária que gerencia Cumbica.
Aí sim, com mais cerca de dez minutos, chegará ao terminal de embarque mais
próximo.
O serviço de ônibus para os passageiros que desembarcarem do
trem ficará a aproximadamente 500 metros do terminal 1 e a 2,5 quilômetros do
terminal 3 de Cumbica. O expresso deverá ter quatro partidas diárias em cada
sentido, em horários estratégicos para os voos. Mas não será a única opção para
chegar de trem ao aeroporto.
O usuário também poderá utilizar o serviço convencional da
CPTM. Ambos terão os trilhos da futura linha 13-jade como rota até Cumbica. As
principais diferenças serão:
1) no tempo de viagem. O serviço convencional a partir da
Luz, com paradas nas estações, deve levar ao menos 52 minutos, sem contar ainda
o tempo no deslocamento a pé para fazer duas baldeações;
2) no preço da passagem. A viagem com o expresso deve custar
entre R$ 5 e R$ 10, o que ainda está em estudo, enquanto o convencional terá
como base a tarifa simples do transporte, hoje de R$ 3,80.
Na estação da Luz, diz a CPTM, devem ser instalados guichês
das principais companhias aéreas do país. A estatal diz estar em reta final de
negociação com Latam e Gol. Caso avance, os passageiros poderão fazer check-in
e imprimir as etiquetas de suas bagagens –por questões de segurança, não será
possível despachar as malas diretamente na estação da Luz.
A CPTM planeja ainda construir um elevador numa das torres
da Luz, para facilitar o acesso dos passageiros, com suas bagagens, à
plataforma de embarque do trem. A abertura do elevador, no entanto, depende da
liberação do conselho responsável pelo patrimônio histórico, já que o prédio é
tombado.
TESTES
A ligação da linha 13-jade com o restante da malha da CPTM
será por meio da estação Engenheiro Goulart (em Cangaíba, na zona leste), da
linha 12-safira, que liga o Brás ao município vizinho de Poá. Como parte do
serviço convencional da CPTM, o passageiro também terá a opção de pegar um trem
diretamente do Brás até Cumbica, com paradas, mas sem baldeação.
O plano da gestão Alckmin é que as obras da linha 13-jade
fiquem prontas até abril de 2018, quando o ramal será inaugurado ainda em fase
de testes. A operação comercial deve ser iniciada em julho. Diversas linhas da
rede de metrô tiveram os prazos descumpridos por governos tucanos nas últimas
décadas. A corrida é para que a inauguração do trem para Cumbica coincida com
os últimos dias de Alckmin no governo.
Para disputar as eleições de outubro, o tucano precisa
deixar o cargo seis meses antes. No momento, ele trava uma disputa interna pela
candidatura com o prefeito de SP, João Doria (PSDB).
PROMESSAS
A conexão expressa do aeroporto de Guarulhos com o centro de
São Paulo é uma antiga promessa dos tucanos. A meta inicial, no primeiro
governo Alckmin, era entregá-la até 2005. Já em 2007, sob José Serra (PSDB), o
projeto foi retomado com a promessa de entrega para 2010. Um ano antes do
prazo, o projeto ganhou nova data: a Copa de 2014 –nenhuma empresa manifestou
interesse na obra.
Em 2011, de novo com Alckmin, o plano de um trem expresso
passou por remodelagem. A ideia foi transformada na criação de nova linha da
CPTM conectada a outra já existente na zona leste. Desde então, os prazos foram
seguidamente prorrogados.
Para cumprir o serviço expresso, a CPTM terá que contornar
as constantes falhas operacionais em suas linhas, já que o trajeto para Cumbica
também utilizará em parte os trilhos e a estrutura das linhas 11-coral e
12-safira. No último mês, por exemplo, o furto de cabos de energia provocou
lentidão e atrasos nas linhas 11 e 12, que servirão de base para o expresso.
Outra promessa de Alckmin para o transporte público é ligar
o aeroporto de Congonhas ao bairro do Morumbi (zona oeste), por meio de um
monotrilho, que deveria ter ficado pronto em 2014. O contrato da chamada linha
17-ouro, porém, chegou a ser rompido pelo governo do Estado, depois do abandono
das obras pelas empreiteiras. A promessa atual é de que o ramal seja entregue
somente no final de 2019.
Seja o primeiro a comentar