Exportação sobe 18,7% no ano e superávit renova recorde

A balança comercial registrou mais um recorde ao alcançar um
superávit de US$ 53,283 bilhões de janeiro a setembro. O resultado, puxado pela
continuidade do crescimento da exportação mesmo com um real levemente mais
valorizado em relação ao começo do ano, levou o governo a recalcular as
projeções e estimar um superávit ainda maior que a expectativa atual de US$ 60
bilhões.

No ano, o ritmo de crescimento das exportações foi bem mais
forte que o das exportações. Enquanto os embarques registraram alta de 18,7%
(para US$ 139,4 bilhões) de janeiro a setembro, os desembarques subiram 8,5%
(para US$ 103,2 bilhões). Segundo o secretário de Comércio Exterior do
Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), Abrão Neto, o
aumento das exportações é influenciado tanto pela melhora na quantidade
exportada (crescimento de 5,9%) como no preço dos produtos (12,5%).

“Pelas exportações, verificamos crescimento não só do
valor, mas também das quantidades exportadas, em todas as categorias de
produtos, além de aumento no número de empresas exportadoras”, disse
Abrão.

O efeito do aumento de preços é visto principalmente no
minério de ferro, que se valorizou 52,3% entre janeiro e setembro deste ano
contra igual período do ano passado. Também registram alta contra um ano antes
produtos como semimanufaturados de ferro e aço (33,8%) e açúcar bruto (20,2%).

Os produtos básicos foram justamente os que puxaram os
números de exportação em setembro, com crescimento de 36,7%. Eles foram
seguidos pelos manufaturados (como óleos combustíveis, tratores e automóveis),
que cresceram 18%; e pelos semimanufaturados (como ferro fundido e madeira
serrada), que cresceram 11%.

Apesar de ainda em patamares baixos em valores, as
importações no ano estão em ritmo de recuperação ao registrar o décimo mês
consecutivo de aumento em relação a um ano antes, o que indica retomada da
atividade interna.

“É um indicativo positivo de recuperação da economia.
Confirmaremos essa tendência nos próximos meses, mas é fato que a média diária
de importações vem apresentando crescimentos nos três últimos trimestres”,
disse o secretário. No acumulado até setembro o crescimento nas compras foi puxado
pelo aumento de 35,3% em combustíveis e lubrificantes. Também subiram, embora
em ritmo menor, as compras de bens intermediários (11,4%) e bens de consumo
(5,7%).

No mês de setembro, a importação veio em ritmo mais
acelerado, com alta de 18% contra igual mês de 2016. Na comparação mensal
interanual, foi a maior taxa de crescimento do ano. O maior ritmo dos
desembarques, diz José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio
Exterior do Brasil (AEB), está de acordo com a melhora das expectativas para
economia tanto para o quarto trimestre como para 2018.

Mantidas as expectativas atuais, diz Castro, uma reação
maior das importações deve se tornar mais clara em 2018, o que deve pressionar
o superávit comercial para baixo no ano que vem. A corrente de comércio, porém,
que dá o tom do dinamismo econômico, deve melhorar.

Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial (Iedi), destaca que a importação brasileira tem alta
elasticidade com a atividade interna. “A importação responde rapidamente
com a economia girando um pouco mais. O desempenho bom de alguns ramos
industriais, como bens de consumo duráveis da linha marrom e branca, também
contribuem bastante porque o volume de componentes e de insumos importados
nesses segmentos é expressivo, o que puxa a importação de bens
intermediários.”

Por conta dessa elasticidade, o aumento das importações pode
ser um sinalizador positivo, diz ele. “Mas há também o efeito do câmbio
que pode fazer com que parte desse dinamismo escape para a importação.” O
problema, explica ele, não está somente no câmbio, mas na questão da
competitividade. O que preocupa, diz Cagnin, é que a recuperação muito lenta da
economia pode dificultar às empresas a incorporação de novas tecnologias, o que
é um desafio não somente para melhorar como para manter a competitividade.

O Mdic chama atenção ainda para as compras de bens de
capital por importadores brasileiros, que cresceram pelo segundo mês
consecutivo. Após um crescimento de 6,6% em agosto, houve aumento de 34,5% em
setembro, sempre na comparação interanual. “Pode indicar uma tendência de
recuperação dessa linha de importações, muito relacionada a investimentos.
Confirmaremos essa tendência nos próximos meses”, ressaltou o secretário
de Comércio Exterior.

Os dados também continuam mostrando uma melhora
significativa na balança comercial de petróleo e derivados, que chegou a US$
4,3 bilhões de janeiro a setembro. Um ano antes foi registrado déficit de US$
446 milhões. Segundo Abrão Neto, os números são puxados pelo aumento de
produção e também pela recuperação do preço da commodity (alta de 37,6%) contra
um ano antes. Segundo ele, o saldo de petróleo e derivados também deve fechar o
ano com superávit.

Apesar dos números positivos no acumulado do ano, os
analistas do Itaú ressaltam que as exportações, que avançaram fortemente no
início do ano, agora “se estabilizaram em patamar mais baixo, em linha com
os preços internacionais de commodities menores”. Os fortes saldos em
2017, diz relatório do banco, é garantido por importações ainda em patamar
baixo.

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