Ferrovia: O Brasil precisa e merece

Já escrevi em textos passados que o crescimento do
transporte ferroviário de carga e de passageiros no Brasil era inexorável.
Muita pretensão? Não creio!

Experimentamos, sim, algum crescimento, mas aquém do
desejado diante da extensão continental de nosso País e dos dramas da
mobilidade das pessoas.

Ainda assim, nossas ferrovias de carga, desestatizadas há 20
anos, mais do que dobraram sua produção no período. As concessionárias privadas
discutem agora com a União a renovação antecipada de suas concessões, prevista
nos contratos, com a contrapartida de vultosos investimentos (R$ 25 bilhões em 5
anos) que não eram previstos nos contratos originais.

Entretanto, há que se demonstrar à sociedade organizada,
representada pelos Tribunais de Contas e pelo Ministério Público, as enormes
vantagens de se antecipar tais renovações, flagrantes a nosso ver.

Primeiramente, porque os investimentos ora propostos não
serão obrigatórios sem as renovações, o que ensejará esperarmos 10 anos sem que
os benefícios dos investimentos imediatos venham a surtir efeito
antecipadamente. Em segundo lugar, os valores das outorgas pelos 30 anos
adicionais serão reinvestidos no próprio sistema ferroviário, o que não ocorre
hoje.

Outros benefícios evidentes serão a alavanca para o
inexorável crescimento do setor, através da revitalização da malha centenária
existente, da execução de contornos ferroviários urgentes, em nome da segurança
das cidades, das duplicações de trechos para o aumento da capacidade de
transporte e da velocidade comercial, da renovação da frota de material
rodante, com vagões e locomotivas modernos, mais capazes e com maior eficiência
energética.

Além da premência em se destravar as amarras das renovações,
espera-se que os novos projetos do PPI – Programa de Parcerias de Investimentos
do Governo Federal (Ferrogrão e Ferrovia Norte-Sul principalmente) também
contribuam para que o transporte ferroviário de carga ajude no crescimento do
País.

Outro projeto maduro, no âmbito de passageiros, é o Trem
InterCidades (TIC) do Governo do Estado de São Paulo, entre São Paulo e
Americana inicialmente, que resgatará o transporte ferroviário de passageiros
de média distância, que chegou a movimentar 100 milhões de passageiros por ano
nas décadas de 60 e 70.

Dentre suas inerentes vantagens, destacamos uma que, em
nossa opinião, não deveria postergar mais sua implementação, qual seja, a
segurança deste meio de transporte. Dados alarmantes, divulgados em 20/09/2017
pelo O Estado de São Paulo, a partir de cálculos realizados pela Fundação SEADE
e pelo Movimento Paulista de Segurança no Trânsito, mostram que “foram
registrados em 2016 quase 70 mil acidentes de trânsito nas rodovias paulistas,
que resultaram num custo de R$ 4,9 bilhões à economia do Estado de São Paulo”.

Este custo representa quase que o mesmo valor do
investimento previsto para o trecho São Paulo a Americana (R$ 5,4 bilhões).

Perguntamos, então, o que estamos esperando?

Fonte: ABIFER

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