Obras de ampliação do metrô de Belo Horizonte começam em maio de 2018

Em 1986, os vagões do metrô entraram nos trilhos da história
do transporte público de Belo Horizonte. Com a promessa de tornar os
deslocamentos mais rápidos, as primeiras viagens partiam da Lagoinha, na região
Noroeste da capital, até o Eldorado, em Contagem. Um ano depois, o sistema
passou a integrar a Estação Central, no coração da cidade. Dos seus 10,8 km
para 28,1 km de extensão em 2002, a mesma configuração permanece até hoje. E a
novidade do século XX logo se transformaria em frustração: passados 15 anos,
sobraram projetos que não saíram do papel.

Quase duas décadas depois da última inauguração, um deles –
a proposta de construção da estação Novo Eldorado, na região metropolitana –
finalmente será viabilizada. O anúncio foi feito pelo prefeito de Contagem,
Alex de Freitas (PSDB), depois que a União disponibilizou um empréstimo de R$
157 milhões para a ampliação de 1,5 km até o terminal. A previsão é de que as
obras sejam iniciadas em maio do próximo ano, com conclusão até o fim de 2019.

“Vamos anunciar a ampliação de mais uma estação. A primeira
de duas que esperamos tirar do papel. O metrô beneficia os mais carentes.
Transporte limpo, confortável e rápido. Chegar até nosso principal centro
comercial é um avanço histórico”, comemorou o chefe do Executivo. E a
intervenção abre caminho para mais uma meta, a de levar os trilhos até o bairro
Bernardo Monteiro, ao custo de R$ 550 milhões e mais 2,5 km de linha.

“Que notícia boa”, declarou a estudante Rafaella Ruiz, 22
anos, ao saber da melhoria através da reportagem. A jovem, que mora no Novo
Eldorado, usava diariamente o metrô para voltar da faculdade. “Como consegui um
estágio, não compensava mais usar o sistema por conta da rota”, apontando uma
das deficiências da linha, restrita a algumas regiões. Até chegar à Estação
Eldorado, ela leva pelo menos 25 minutos. “Pegava um ônibus até lá, descia na
Lagoinha e usava o Move até a UFMG”, disse. O maior tempo de deslocamento era
gasto nas baldeações que levavam até os terminais. “Já é uma melhora, vai
beneficiar muita gente do bairro”, comentou sobre a obra.

“Falta vontade
política”


Para o consultor em transporte e trânsito Osias Baptista Neto,
o grande problema da Grande BH é o metrô ser gerido pelo governo federal. “O
Estado e os municípios, através de um consórcio, deveriam ter assumido o
gerenciamento desde 1995. As pressões e as necessidades de Brasília não estão
focadas aqui”, argumentou. Conforme o especialista, a alternativa que restou
para BH foi investir no Move. “Fez o BRT por cima de onde passaria o metrô. Se
esperasse por ele, até hoje não teria nada”.

Outra característica que diz muito sobre o sistema nas duas
cidades é o trilho na superfície. “Ele só é subterrâneo onde não tem espaço por
conta dos prédios, das ruas. Nesses locais está a demanda. Quando vai por cima,
os lugares têm densidade urbana menor e, consequentemente, menos passageiros. É
lógico”.

 

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