Em 1986, os vagões do metrô entraram nos trilhos da história
do transporte público de Belo Horizonte. Com a promessa de tornar os
deslocamentos mais rápidos, as primeiras viagens partiam da Lagoinha, na região
Noroeste da capital, até o Eldorado, em Contagem. Um ano depois, o sistema
passou a integrar a Estação Central, no coração da cidade. Dos seus 10,8 km
para 28,1 km de extensão em 2002, a mesma configuração permanece até hoje. E a
novidade do século XX logo se transformaria em frustração: passados 15 anos,
sobraram projetos que não saíram do papel.
Quase duas décadas depois da última inauguração, um deles –
a proposta de construção da estação Novo Eldorado, na região metropolitana –
finalmente será viabilizada. O anúncio foi feito pelo prefeito de Contagem,
Alex de Freitas (PSDB), depois que a União disponibilizou um empréstimo de R$
157 milhões para a ampliação de 1,5 km até o terminal. A previsão é de que as
obras sejam iniciadas em maio do próximo ano, com conclusão até o fim de 2019.
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“Vamos anunciar a ampliação de mais uma estação. A primeira
de duas que esperamos tirar do papel. O metrô beneficia os mais carentes.
Transporte limpo, confortável e rápido. Chegar até nosso principal centro
comercial é um avanço histórico”, comemorou o chefe do Executivo. E a
intervenção abre caminho para mais uma meta, a de levar os trilhos até o bairro
Bernardo Monteiro, ao custo de R$ 550 milhões e mais 2,5 km de linha.
“Que notícia boa”, declarou a estudante Rafaella Ruiz, 22
anos, ao saber da melhoria através da reportagem. A jovem, que mora no Novo
Eldorado, usava diariamente o metrô para voltar da faculdade. “Como consegui um
estágio, não compensava mais usar o sistema por conta da rota”, apontando uma
das deficiências da linha, restrita a algumas regiões. Até chegar à Estação
Eldorado, ela leva pelo menos 25 minutos. “Pegava um ônibus até lá, descia na
Lagoinha e usava o Move até a UFMG”, disse. O maior tempo de deslocamento era
gasto nas baldeações que levavam até os terminais. “Já é uma melhora, vai
beneficiar muita gente do bairro”, comentou sobre a obra.
“Falta vontade
política”
Para o consultor em transporte e trânsito Osias Baptista Neto,
o grande problema da Grande BH é o metrô ser gerido pelo governo federal. “O
Estado e os municípios, através de um consórcio, deveriam ter assumido o
gerenciamento desde 1995. As pressões e as necessidades de Brasília não estão
focadas aqui”, argumentou. Conforme o especialista, a alternativa que restou
para BH foi investir no Move. “Fez o BRT por cima de onde passaria o metrô. Se
esperasse por ele, até hoje não teria nada”.
Outra característica que diz muito sobre o sistema nas duas
cidades é o trilho na superfície. “Ele só é subterrâneo onde não tem espaço por
conta dos prédios, das ruas. Nesses locais está a demanda. Quando vai por cima,
os lugares têm densidade urbana menor e, consequentemente, menos passageiros. É
lógico”.
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