CSN pretende acelerar corte na dívida durante 2018

Um dia após apresentar balanços atrasados, a Companhia
Siderúrgica Nacional (CSN) convocou uma teleconferência para acalmar o mercado.
Pelo menos cinco executivos, dentre eles Benjamin Steinbruch, presidente e
principal acionista da empresa, falaram sobre planos de curto e médio prazo –
especialmente para acelerar a desalavancagem.

A empresa admitiu ter falhado até aqui em reduzir a relação
entre dívida líquida e lucro antes de juros, impostos, depreciação e
amortização (Ebitda, na sigla em inglês) para 3,5 vezes, como adiantou aos
investidores e analistas há algum tempo. Mas esse continua sendo o objetivo.

“Acreditávamos em uma queda mais rápida dos juros e
também uma recuperação mais rápida e forte da economia”, lamentou
Steinbruch. “Acho que não é o que gostaríamos [de apresentar], mas é o que
foi possível.”

Neste ano, o executivo-chefe da CSN disse que a receita
líquida deve somar cerca de R$ 18 bilhões, ao menos 5% acima de 2016. O Ebitda,
por sua vez, terminará em R$ 5 bilhões, aproximadamente, alta de 22% no mínimo.
Com isso, em dezembro a alavancagem marcaria 5 vezes.

A diretoria aposta que a meta de 3,5 vezes será batida em 12
a 18 meses. Steinbruch foi além e disse que o ideal seria reduzir o índice em
no máximo um ano.

Desde 2015 se fala de venda de ativos na CSN. As
participações em usinas hidrelétricas, o Sepetiba Tecon e até mesmo uma fatia
da área de mineração foram consideradas para venda. Até agora, só a fabricante
de latas de aço Metalic foi vendida, por menos de US$ 100 milhões.

“Não é porque não vendemos outro ativo que não estamos
conversando a respeito”, afirmou Steinbruch. “Todos nossos negócios
não ‘core’ [não estratégicos] estão sendo trabalhados, discutidos, valorizados
para o momento oportuno em que acharmos que o custo benefício é
favorável”, acrescentou. Ele acredita que os preços de venda serão
melhores em 2018.

O executivo declarou se preparar para alienar as ações,
especialmente as preferenciais, que detém da concorrente Usiminas.

Enquanto isso, a CSN volta a negociar com os bancos para
conseguir rolar sua dívida. Só em 2018, vencem R$ 5,6 bilhões em obrigações,
quase 20% do total. Apresentar o balanço auditado de 2016 era pré-requisito
para voltar à mesa de negociações. “Vamos descobrir agora com os bancos se
eles terão alguma restrição ao fato de não termos os balanços trimestrais [de
2017] auditados”, afirmou David Salama, diretor-executivo de relações com
investidores.

Até o fim de 2017 – de preferência em novembro, segundo
Steinbruch – a expectativa é que já haja um acordo para o reperfilamento da
dívida. Depois, no primeiro semestre de 2018, é possível até que a CSN vá ao
mercado atrás de condições melhores para tomar dívida.

No campo operacional, a CSN mapeou R$ 480 milhões em
oportunidades de incremento do Ebitda de siderurgia “entre o fim deste ano
e o começo do próximo”, revelou Luís Martinez, diretor comercial. O
reforço viria de reajustes de preço já anunciados e futuros, por exemplo. Ao
setor automotivo, que promove as negociações mais duras, afirmou que o aumento
será de no mínimo 25%.

Em cimentos, área considerada estratégica e na qual
Steinbruch disse querer participar da consolidação como agente, as
oportunidades são de R$ 170 milhões.

Na CSN Mineração, grande motivo do atraso dos balanços, a
expectativa é produzir até 31 milhões de toneladas em 2018.

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