O Programa Ciclista Trensurb completa
10 anos no mês de janeiro. Trata-se de uma iniciativa da empresa metroviária,
que, em 2008, liberou o transporte de bicicletas nos trens, buscando atender às
diretrizes do Programa Brasileiro de Mobilidade por Bicicletas, da Secretaria
de Transporte e Mobilidade Urbana, do Ministério das Cidades. O programa
nacional buscou servir de referência para os municípios que desejassem
incentivar o uso da bicicleta, visto como fundamental para a mobilidade urbana
sustentável. O programa da Trensurb, por sua vez, define horários específicos
para o transporte de bicicletas no metrô: de segunda a sábado, das 9h30 às 11h,
das 14h às 16h e das 21h às 23h20; aos domingos e feriados, durante todo o
horário de operação, das 5h às 23h20.
Para Frank Alves Ferreira, chefe
substituto do Setor de Planejamento e Projetos de Mobilidade Urbana da
Trensurb, o programa “é importante para promover a integração com outros modos
de transporte. Isso incentiva a mobilidade e aumenta a abrangência da área de
influência da empresa”. A área de influência, neste caso, é o raio geográfico
que a Trensurb consegue abranger com o seu serviço. “Para cada usuário
pedestre, o raio de influência é de um quilômetro da estação. De bicicleta, o
raio de influência aumenta para cinco quilômetros”, explica Frank. Isso
significa que permitir o embarque de bicicletas no metrô pode fazer com que
mais usuários tenham condições de utilizar o sistema sem precisar de outros
modais como carro ou ônibus. Frank também destaca que, graças ao Programa
Ciclista Trensurb, os trens série 200 já foram projetados com espaços
reservados para bicicletas. Além disso, dois trens da série 100 passaram por
reformas no layout interno e também receberem espaços destinados aos ciclistas
e seus veículos.
Entusiasta do ciclismo, Peterson Laste
mora em Canoas e costuma usar o metrô com frequência, boa parte das vezes
carregando sua bicicleta. Ele conta que, nos últimos invernos, beneficiou-se do
Programa Ciclista Trensurb diversas vezes ao visitar a namorada em Porto
Alegre, à noite. Segundo Peterson, era difícil ir de bicicleta de Canoas até a
capital nas noites frias, então ele usava o trem para encurtar a distância da
pedalada. O ciclista faz parte do grupo Pedala Canoas, que incentiva o uso da bicicleta
no município, e, para ele, o programa da Trensurb é importante especialmente
para pessoas de baixa renda, que, fazendo a integração entre trem e bicicleta,
podem chegar mais longe. “O dinheiro que eu economizo pegando o trem e vindo de
bicicleta até minha casa, sem pegar outros transportes, é um grande benefício”,
afirma. Além da vantagem financeira, Peterson destaca os benefícios que pedalar
pode trazer também para a saúde.
Um dos idealizadores do programa da
Trensurb, o engenheiro Sidemar Francisco da Silva afirma que permitir o
ingresso de ciclistas no metrô sempre foi algo tratado com muita cautela na
empresa. Porém, a partir do engajamento do governo federal, com a criação de um
programa nacional específico, “foi imaginada, junto à área de mobilidade na
época, uma forma de viabilizar o transporte e entender que a bicicleta é também
uma forma de produzir integração com o sistema metroviário”, conforme relata
Sidemar. Ele lembra ainda que, até 2008, para embarcar em um trem com sua
bicicleta, o usuário precisava retirar uma das rodas. “Na época, para alguém
levar uma bicicleta dentro do trem, tinha que transportá-la como um pacote”,
diz Sidemar. Com o Programa Ciclista Trensurb, essa realidade mudou. O
engenheiro explica: “A nossa ideia era permitir que, de fato, o usuário pudesse
conduzir sua bicicleta sem mais ter que desmontá-la, mas, para isso, foi
necessário pensar em horários específicos para esse transporte, para não
prejudicar a circulação dos outros usuários”. Para conhecer os procedimentos
necessários ao embarque de bicicletas no metrô, clique aqui.
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