O governo
Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou nesta sexta-feira, 23, a contratação de um
plano diretor de mobilidade que pretende tirar do papel a antiga promessa de
construir os trens regionais em São Paulo. A proposta agora é compartilhar a
mesma malha ferroviária para fazer o transporte de cargas e de passageiros
entre as principais regiões metropolitanas do Estado.
Hoje, São
Paulo tem cerca de 1.375 km de linhas de trem, mas apenas 22% são usadas para
transportar passageiros – quase toda a rede circula na Grande São Paulo. Para o
governo, o uso compartilhado da malha ferroviária é a melhor solução para
interligar os principais polos regionais com transporte sobre trilhos, promessa
feita por Alckmin em 2010, e reduzir a saturação das rodovias e o trânsito nas
cidades com o transporte de carga.
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Liderado por
uma empresa alemã, o consórcio contratado pelo valor de R$ 20,8 milhões terá
quase dois anos para propor alternativas de transporte de carga e de
passageiros para o período de 50 anos. Os projetos serão voltados para atender
a demanda da chamada macrometrópole paulista, que reúne as regiões
metropolitanas de São Paulo, Campinas, Sorocaba, Vale do Paraíba e Baixada
Santista. Juntas, elas concentram 75% da população do Estado (33 milhões de
pessoas) e 80% do PIB paulista.
Ainda este
ano, o governo espera lançar o edital para contratar o primeiro trecho, ligando
a capital à cidade de Americana, na região de Campinas. A primeira fase do
chamado Trem Intercidades, que também deverá ligar com trem de média velocidade
as cidades de Jundiaí e Campinas por um percurso de 135 quilômetros e nove
estações, tem investimento previsto de R$ 5 bilhões.
Segundo o
secretário de Logística de Transportes, Laurence Casagrande, quando a proposta
de executar os trens regionais foi debatida, entre 2009 e 2010, a ideia do
governo era iniciar a construção de novas linhas do zero, o que elevaria o
custo das obras. Em 2013, o governo recebeu uma proposta da iniciativa privada
para aproveitar a faixa de domínio de estradas e ferrovias existentes, o que
também acabou se mostrando custoso.
“Agora
a nossa ideia é compartilhar o trilho nos trechos onde tem ociosidade,
otimizando a infraestrutura e reduzindo o custo de implantação”, disse
Casagrande. Segundo ele, além de
facilitar o deslocamento de passageiros entre as metrópoles paulistas, o plano
prevê triplicar a participação da malha ferroviária na matriz de transporte de
carga no Estado, de 12% para 36%. “Temos de diminuir a dependência do
transporte rodoviário, que hoje responde por 86% da matriz”.
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