Paris, França – O governo francês de
Emmanuel Macron revelou nesta segunda-feira (26/2) seu plano de reforma da
empresa estatal ferroviária, abalada há décadas por uma dívida milionária, que
aponta para uma disputa dura com os sindicatos.
A reforma da SNCF, a empresa pública
que gere as ferrovias francesas, é uma das tarefas mais delicadas e complexas
na agenda do jovem líder liberal. Vários presidentes já tentaram executá-la,
mas nenhum conseguiu. “A situação é alarmante, para não dizer
insustentável”, afirmou o primeiro-ministro, Edouard Philippe,
referindo-se à dívida da SNCF, que se aproxima dos 50 bilhões de euros.
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“Os franceses, quer peguem, ou
não, o trem, pagam cada vez mais caro por um serviço que funciona cada vez
pior. Chegou o momento de se atrever a lançar uma reforma que os franceses
sabem que é necessária”, acrescentou Philippe, na apresentação da
estratégia do Executivo.
Uma das medidas mais emblemáticas
previstas por esta reforma é o fim do atual estatuto trabalhista dos
funcionários ferroviários, considerado por alguns como um privilégio, mas por
outros como um avanço social. O
estatuto, que abrange 90% dos funcionários da SNCF, garante um emprego
vitalício e um regime preferencial de aposentadoria.
O primeiro-ministro anunciou que o
estatuto, criado em 1920, não será aplicado a novos funcionários. O pessoal da
SNCF “terá as mesmas condições de trabalho que os demais franceses”,
explicou. Ele descartou, contudo, uma privatização da empresa – uma medida
temida pelos sindicatos. A SNCF “faz parte do patrimônio dos franceses e
continuará sendo”, afirmou o primeiro-ministro.
O principal sindicato da SNCF, a CGT,
convocou manifestações para o próximo 22 de março, no mesmo dia em que
funcionários públicos irão às ruas na França para se manifestar contra a agenda
de reformas de Macron.
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