Enquanto mais de 220 mil usuários
pagarão mais caro pela passagem da Trensurb a partir deste sábado (3), o
Ministério Público Federal (MPF) decidiu instaurar um inquérito para investigar
o nível de reajuste aplicado pela estatal. O aumento foi de 94%, passando o
bilhete de R$ 1,70 para R$ 3,30. O valor estava congelado há 10 anos. O índice
autorizado pelo governo federal ficou acima da inflação oficial (IPCA) do período,
que foi de 79%, segundo o IBGE. Além do bilhete unitário, a correção atinge
também a integração – trens e ônibus (TRI e SIM). O valor passa de R$ 5,18 para
R$ 6,62.
No fim da tarde desta quinta-feira
(1º), o Sindimetrô-RS realizou ato, que atraiu movimentos sociais, contra o
aumento da passagem. O palco foi a estação Mercado, no Centro da Capital, que
registra maior fluxo de usuários da malha do serviço. O sindicato informa que
analisa a possibilidade de ingressar com uma ação na Justiça Federal para derrubar
o reajuste.
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Para segunda-feira (5), grupos como o
Juntos e outros que lideraram os protestos contra o aumento dos ônibus de Porto
Alegre, em 2013, marcaram nova manifestação, às 17h30min. O evento Não ao
aumento abusivo do Trensurb está sendo convocado pelo Facebook e soma 3,1
mil pessoas interessadas e 1,2 mil que indicaram que devem participar.
Segundo a assessoria do MPF, o
procurador Celso Antônio Tres, que atua em Novo Hamburgo, instaurou inquérito
civil público nessa quarta-feira (31), quando a Trensurb oficializou o índice.
Tres vai apurar se o índice está correto, já que ficou bem acima da inflação.
Serão solicitadas explicações da estatal. Segundo o procurador, serão
analisadas as razões de a direção da companhia não ter feito os reajuste ao
longo dos dez anos – o último foi em 5 de janeiro de 2008, que pode ter
contribuído para gerar dificuldades financeiras e até abrir caminho para a
privatização, segundo informou a assessoria do MPF. O inquérito pode resultar
em uma ação civil pública.
O diretor Jurídico do Sindicato dos
Metroviários, Henrique Frozza, reforçou que o reajuste é fora da
realidade, o que já havia sido dito nessa quarta, e que, com a crise e
perda de renda, não há como os passageiros suportarem a elevação. Aí o
governo vem com esse talagaço, disse Frozza, sobre o reajuste. O
dirigente lembrou que o subsídio da passagem, para manter o valor mais baixo,
soma R$ 100 milhões, cifra que é compensada pela redução de uso de outros
transportes, como carro, e que demandaria mais investimentos em infraestrutura.
O Sindimetrô-RS lembrou ainda que não
há uso dos 15 trens novos, que são usados como razão para aumento de custos. A
maior parte está parada por problemas técnico, que geraram ação na Justiça
contra os fabricantes. Trem novo economiza mais energia, o que reduziria
a despesa da estatal, observa Frozza.
Uma das lideranças do Juntos Gabriel Feltrin
diz que o ato de segunda é organizado por movimentos sociais, coletivos de
estudantes e partidos, como o PSOL. Vamos fazer o questionamento do
aumento abusivo e inesperado, avisa Feltrin. A concentração será no
saguão da estação, próximo às catracas de acesso aos trens. Os atos podem
ganhar força e repetir o que foi 2013, aposta o militante. As
manifestações de quatro anos atrás contra o aumento das tarifas de ônibus
eclodiram em Porto Alegre e outras capitais como os primeiros protestos que
atingiram o governo federal, na época da então ainda presidente Dilma Rousseff
(PT).
O governo age agora para
privatizar a empresa. Os trens novos não rodam e até banheiros em algumas
estações não funcionam, critica Feltrin. Vamos pressionar a direção
da Trensurb contra o aumento, que foi aplicado sem nenhum debate com os
usuários.
Trensurb esclarece valor da integração
Em nota, a estatal informou que, por
questões técnicas, a alteração de valor do bilhete da integração (ônibus e
trens) entra em vigor somente na terça-feira (6). Em Canoas, a tarifa entre o
metrô e os ônibus de Canoas operados pela Vicasa segue inalterada por prazo indeterminado,
em R$ 5,45. A integração ônibus-metrô-ônibus entre Porto Alegre e Canoas também
não muda por enquanto, permanecendo em R$ 9,10.
Para créditos adquiridos até
segunda-feira (5), os valores a serem descontados seguem sendo os anteriores ao
reajuste da tarifa do metrô até o dia 7 de março, tanto para a integração com
os ônibus de Porto Alegre (R$ 5,18) quanto para a passagem unitária (R$ 1,70).
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