Agronegócio abre portas a parcerias com startups

O anúncio da
compra da cadeia Wholefoods pela Amazon e o aviso do Google que o setor de
agronegócio está em seu radar acenderam uma luz de alerta para as grandes
corporações do setor. Mais do que isso, levaram as gigantes mundiais a repensar
suas estratégias e a abrir suas portas para startups em busca de tecnologias
que mudem efetivamente a realidade do campo.

“Trata-se
de um movimento irreversível para quem quer interagir e participar mais
ativamente do mundo da inovação”, diz Bernardo Nogueira, venture partner
da Monsanto. “Acompanhamos de perto esse processo desde 2011, investimos
US$ 930 milhões na compra da Climate Corporation e atualmente temos 16 startups
de agro investidas no mundo, entre elas, a brasileira TBit.”

Nascida em
2012, na incubadora da Universidade Federal de Lavras, a TBit passou três anos
tentando referendar sua tecnologia capaz de automatizar o processo de
qualificação de grãos, que antes era realizado com protocolos manuais e
químicos. Foi o aporte de R$ 1 milhão feito pelo Fundo BR, que tem a Monsanto
entre seus controladores, que ajudou a empresa a decolar.

“Nos
aproximar da Monsanto para gerar produtos em conjunto nos abriu as portas de
todas as unidades da companhia no Brasil e de novos clientes, além de trazer
para o nosso Conselho profissionais experientes da multinacional”, diz o
CEO, Igor Chaltoun. “Em contrapartida, oferecemos a possibilidade de, por
meio da nossa tecnologia, otimizar em até 80% o processo de análise de
qualidade e reduzir em 20% a devolução dos lotes”.

Não é errado
dizer que as agritechs ou agtechs – como são chamadas as startups do setor –
vivem hoje situação similar à enfrentada pelas fintechs há pouco mais de três
anos. Naquela época, os bancos achavam que as startups não vingariam nem
incomodariam. Depois, perceberam que, ou se aliavam a elas ou perderiam mercado
e capacidade de inovar com agilidade.

Agritechs
vivem hoje situação semelhante à que as fintechs experimentaram há pouco mais
de três anos

“Num
primeiro momento, muitas companhias de agro decidiram criar hubs internos de
inovação, mais por marketing do que por acreditar nos resultados”, diz
Francisco Jardim, sócio do SP Ventures, um dos principais fundos de
investimento do setor. “Agora, estão tomando consciência de que a
realidade mudou, que é preciso somar competências”. Na visão do executivo,
2018 será o ano de consolidação da primeira leva de agritechs nascidas no país
que já testaram suas tecnologias e se mostraram eficientes aqui e no exterior.

É o caso da
Agrosmart, fundada em 2014, em Minas Gerais, que utiliza o conceito de cultivo
inteligente, com fazendas conectadas a uma plataforma que monitora em tempo
real mais de 14 variações ambientais, gerando relatórios que permitem ao
produtor tomar melhores decisões. Para Mariana Vasconcelos, sócia e fundadora,
a colaboração entre grandes companhias e startups tornou-se crucial para mudar
a realidade no campo.

“As
parcerias com corporações estabelecidas no mercado possibilitam expandir a
distribuição dos serviços e aumentar o alcance a milhares de produtores”,
diz a empreendedora. “Temos uma parceria com a Naan Danjain, líder global
na fabricação de sistemas de irrigação por gotejamento, que nos deu acesso a
centenas de revendas locais no Brasil e outros países da América Latina”.
A Agrosmart monitora cerca de 120 mil hectares no Brasil, com um aumento de
400% no volume de área analisada no último ano.

Responsável
pela criação em 2017, em Piracicaba (SP), do Pulse, hub de inovação voltado
para o agronegócio, a Raízen enxerga a parceria com as agtechs como uma forma
de chegar mais rápido às inovações. “A startup nasce com o conceito de ser
enxuta, especializada e nos ajuda a repensar a forma como trabalhamos”,
afirma Fábio Mota, diretor de TI. “Nos permite testar pilotos diretamente
nas usinas por três meses, isso é muito ágil. É preciso, porém, ser hábil para
estar próximo delas e usufruir primeiro das inovações”.

Com a mesma
percepção, a Basf lançou, em parceria com a aceleradora Ace, o AgroStart,
programa de aceleração de startup agro, com foco em empresas com soluções
inovadoras em áreas como qualidade de vida no campo, automatização, gestão da
lavoura e tomada de decisão, tendo como recursos a inteligência artificial, big
data e mobilidade. “Olhamos não apenas a ferramenta, mas se o time é bem
completo e qual a dor do campo que eles se dispõem a solucionar”, diz
Fábio Del Cistia, vice-presidente de marketing. “Não queremos apenas
aportar dinheiro, mas firmar parcerias estratégicas, porque enxergamos a
inovação aberta como a solução para encontrarmos respostas aos desafios no
campo”.

 

-Fonte: http://www.valor.com.br/agro/5416229/agronegocio-abre-portas-parcerias-com-startups


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