A assinatura do
decreto que oficializa as novas taxas para importação de aço e alumínio por
Donald Trump foi um balde de água fria nos planos do governo brasileiro, que
ainda tentava excluir o Brasil da lista de países atingidos pela medida. Nesta
quinta-feira, 8, o Brasil divulgou nota em que disse que recorrerá a “todas as
ações necessárias” para preservar seus direitos e interesses.
“Ao mesmo tempo em que manifesta preferência pela via do
diálogo e da parceria, o Brasil reafirma que recorrerá a todas as ações
necessárias, nos âmbitos bilateral e multilateral, para preservar seus direitos
e interesses”, afirma nota assinada pelos ministérios do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Marcos Jorge, e Relações Exteriores,
Aloysio Nunes. No texto, o governo ressalta que as medidas causarão graves
prejuízos às exportações brasileiras e terão “significativo” impacto negativo
nas relações comerciais e de investimentos entre os dois países.
O Brasil é o segundo maior exportador de aço para os Estados
Unidos, atrás apenas do Canadá. Embora a reação do governo brasileiro tenha
sido dura, a estratégia permanece a mesma, segundo apurou o Estadão/Broadcast.
O País pretende insistir na tese de que as exportações de produtos siderúrgicos
complementam, e não ameaçam a indústria siderúrgica norte-americana e esgotar o
diálogo com o governo Trump antes de partir para outros instrumentos, como o
recurso a organismos internacionais para reafirmar que o argumento da ameaça à
segurança nacional não se sustenta.
O embaixador do Brasil em Washington, Sérgio Amaral, afirmou
que o País têm condições para negociar com a administração Trump para retirar o
País da lista de nações afetadas. “Temos contato com a bancada do aço no
Congresso, com as indústrias americanas”. De Nova York, o ministro da Fazenda,
Henrique Meirelles, disse que o governo está aberto a negociações.
Recursos. Para o presidente do Instituto Aço Brasil, Marco
Polo Lopes, o Brasil entrará imediatamente com recurso contra a decisão de
Trump, mas, de outro lado, o governo brasileiro precisará colocar na mesa a
necessidade de proteção do mercado brasileiro, visto que o fluxo de aço que
deixará de ser direcionado aos Estados Unidos poderá recair no Brasil.
“Esperamos agora que o Ministério da Fazenda tenha sensibilidade de que há uma
guerra comercial detonada pelo Trump de proporções grandes”, disse.
O setor do aço defende há muito tempo a adoção de medidas
protecionistas pelo governo brasileiro. “Há um grande excesso de capacidade
global de aço. O Brasil já é vulnerável para o recebimento de volumes de
importação”.
Para o gerente executivo da unidade de assuntos
internacionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Diego Bonomo, a
decisão dos Estados Unidos vai “flagrantemente” contra as normas
internacionais.
– Fonte: http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,brasil-diz-que-recorrera-da-taxa-do-aco,70002219852
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