Ao mirar a
China, que tenta invadir mercados globais com o aço que está sobrando em suas
siderúrgicas, o presidente dos EUA, Donald Trump, acertou diretamente o Brasil.
Segundo maior fornecedor do produto para o mercado americano (o primeiro é o
Canadá, que ficou de fora da super taxação), o País exportou US$ 2,6 bilhões em
aço para os EUA em 2017, o equivalente a um terço de toda a venda externa da
matéria-prima local.
A perda para
as exportações brasileiras pode ser de US$ 500 milhões neste ano, na avaliação
do presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto
de Castro. Nas contas de um estudo do Peterson Institute chegaria a US$ 1
bilhão. Já o presidente do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Polo de Mello
Lopes, avalia que a perda seria muito maior. “Se fechar o mercado, vamos perder
todas as exportações, ou seja, os US$ 2,6 bilhões que vendemos em 2017.”
Castro é
mais conservador nas projeções, pois considera nos cálculos contratos de
exportação para os EUA entre empresas do mesmo grupo, que certamente serão
honrados, mesmo com uma taxação maior. Mas alerta para outro ponto. “Corremos o
risco de perder duas vezes: deixar de exportar e importar mais.” Como o País
está saindo da recessão e as alíquotas de importação não são proibitivas, há
chance de que os concorrentes na produção de aço ampliem as vendas para o
Brasil para compensar perdas nos EUA. Só no primeiro bimestre deste ano as
importações brasileiras de produto acabado cresceram 38%.
Lopes,
porém, vê “grandes chances” de o Brasil ser excluído do tarifaço nas
negociações que vão ocorrer nos próximos 15 dias. “Acredito que o governo
americano vai entender que há uma relação de complementaridade, pois, ao mesmo
tempo em que exportamos, importamos US$ 1 bilhão em carvão mineral dos EUA no
ano passado”.
É com isso
que contam as siderúrgicas que destinam 32,7% da produção do setor para os EUA.
Ternium, Usiminas, Vallourec, ArcelorMittal e CSP exportam para os EUA. A
Usiminas informa que a sobretaxa não deve ter impacto relevante em seus
negócios, uma vez que os EUA responderam por 4% de suas exportações em 2017.
Para a CSP, os EUA respondem por 11% das exportações. Ternium, Vallourec e
ArcelorMittal não se manifestaram.
– Fonte: http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,brasil-foi-o-mais-afetado-com-asobretaxa-do-aco,70002221285
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