Diante
das condições financeiras e da falta de consciência de parte dos passageiros, o
Metrô do Recife suspendeu o projeto do vagão rosa – e não deve retomar tão cedo.
De acordo com o superintendente da Companhia de Trens Urbanos (CBTU) na Capital
pernambucana, Leonardo Beltrão, não existe condições de manter a iniciativa da
forma com que ela estava sendo feita. Há a ideia de trabalhar a questão
separando as mulheres nas plataformas, para garantir que só elas entrem no
espaço, mas não dá para executar enquanto não houver a normalização do caixa da
empresa.
Os
testes com o vagão rosa foram realizados em dois trens (nº 36 e 39) no primeiro
semestre de 2017. Funcionou por um tempo, mas quando saíram os vigilantes, a
orientação passou a ser desrespeitada. Manter o formato de dois vigilantes por
vagão seria “insustentável”, alegou o gestor. “O custo que você tem para
garantir que o homem não entre no vagão seria quase o mesmo que gastamos em
toda a segurança do metrô. Já estamos em situação difícil para operar o
sistema. Se destinássemos esse recurso para o vagão rosa, teríamos que parar”,
explicou Leonardo.
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Segundo
o superintendente, o custo estimado desse efetivo extra para fiscalizar os
vagões seria de R$ 15 milhões, enquanto o custo da folha de pagamento dos
atuais seguranças – tanto os privados, da empresa BBC, quanto os policiais
ferroviários – beiram os R$ 18 milhões. E mesmo que o metrô estivesse em boa
situação financeira, seria um gasto que “não se justifica economicamente”. “É
interessante que se pense na segurança da mulher, mas não a esse custo. Mesmo
que tivesse dinheiro, seria mais interessante investir na melhoria de
ar-condicionado, elevadores e escadas, que são as coisas que o público mais
reclama”, comentou.
“Em
outras cidades em que existe o vagão rosa não tem vigilante e as pessoas
respeitam. O pessoal daqui desrespeitou”, lamentou o superintendente. E
enquanto não houver a normalização operacional do metrô, não dá para continuar
os estudos necessários. “A gente tem ideia de fazer um trabalho nas
plataformas. O local onde fica o último vagão ficaria restrito para mulheres,
assim como deficientes e idosos. É um projeto que tenho desde o ano passado,
mas devido os problemas financeiros, não dá (para tocar). A prioridade é tocar
a operação do sistema”, finalizou.
Sensação
de fracasso
O
adesivo até continua colado nos trens 36 e 39. Mas é indiferente: na hora do
pico, homens e mulheres avançam para garantir um lugar no vagão, sem se
importar com o alerta. A aposentada Maria do Carmo, 65 anos, crê que o projeto
“não adiantou de nada”. “Os homens entravam. E não tinha respeito nenhum”,
contou.
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