A disputa
foi acirrada, mas a seca na Argentina sobrepujou a tensão comercial entre
Estados Unidos e China e a soja vai encerrar março mais valorizada que em
fevereiro no mercado internacional. Mas a queda de braço arrefeceu com o enfraquecimento
dos dois fatores e a tendência é que nas próximas semanas as cotações, no
mínimo, se acomodem no patamar em que estão, o maior desde julho de 2016.
Cálculos do
Valor Data baseados nas médias mensais dos contratos de segunda posição de
entrega transacionados na bolsa de Chicago mostram que, em março (o balanço foi
fechado no dia 28), a alta em relação a fevereiro é de 2,71%. Na comparação com
dezembro, a alta se aproxima de 7%. Os últimos movimentos dos fundos de
investimentos captados pela Comissão de Negociação de Futuros de Commodities
(CFTC), contudo, sinalizaram que as apostas em novas altas diminuíram.
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Na semana
encerrada no dia 20, os gestores de recursos (managed money)
reduziram em mais de 6% o saldo líquido comprado em relação à semana anterior.
Isso aconteceu por causa de chuvas que afetaram regiões produtores da
Argentina. Pontuais e irregulares, é verdade, mas suficientes para aliviar o
estresse de algumas lavouras e conter as correções para cima nas estimativas de
quebra, que já beiram 20 milhões de toneladas.
Em
contrapartida, observam analistas como André Pessôa, da Agroconsult, parece ter
ficado claro que a China não está disposta a comprometer suas importações de
soja apesar das rachaduras em sua relação comercial com os EUA. Os chineses
lideram com folga as importações globais de soja, e os EUA são seus segundos
maiores fornecedores, atrás do Brasil.
Enquanto
incandescente, a possibilidade de a China adotar algum tipo de sanção à soja
americana pressionou as cotações em Chicago e provocou algumas baixas – até
porque, como mostra estudo de economistas da Purdue University, se Pequim
decidir taxar o grão dos EUA, os embarques americanos ao mercado chinês tendem
a recuar mais de 70%. O fato é que a queda de braço beneficiou o Brasil, onde
os exportadores viram os prêmios pela oferta local dispararem. E esses prêmios
ainda não pararam de subir. No porto de Paranaguá, de acordo com a FCStone,
estão muito perto de US$ 1 por dólar – praticamente 10% do valor médio dos
papéis de segunda posição em março.
Como a China
importa pouco milho, grande que é na produção, essa disputa teve influência
secundária sobre os preços do cereal em Chicago. Assim, as intempéries
argentinas garantiram uma valorização mais acentuada que a da soja em março. O
preço médio da commodity fecha o mês com ganhos de 3,54% sobre fevereiro e de
9% em relação a dezembro. As chuvas na Argentina, porém, também levaram os
gestores de recursos a reduzir as apostas na valorização do grão na semana até
o dia 20. E poderão, também, amenizar a curva ascendente que vem sendo
desenhada no mercado doméstico brasileiro, que ainda poderá ter reflexos
inflacionários.
No caso das
soft commodities exportadas pelo Brasil e referenciadas na bolsa de
Nova York, março é mais um mês de quedas, como tem sido a tônica desde o ano
passado. E, aqui, a influência brasileira no rumo dos preços de café, suco de
laranja e açúcar é direta. Afinal, foram problemas climáticos no país que
alavancaram as cotações internacionais desses produtos em 2016, da mesma
maneira que foi a recuperação das respectivas produções que posteriormente
tirou sustentação das cotações.
Em março,
conforme os cálculos do Valor Data, o preço médio dos contratos de segunda
posição de entrega do suco de laranja caem 5,07% na comparação com fevereiro,
enquanto o açúcar recua 3,4% e o café, 1,74%. Esse trio já acumula perdas
expressivas este ano e, na comparação com as médias registradas em março de
2017, a sangria chama a atenção: as perdas chegam a 27,7% (açúcar), 18,13% (suco
de laranja) e 15,21% (café).
No que
depender dos mais recentes movimentos dos fundos, novas quedas estão por vir.
Nos três mercados os gestores de recursos ampliaram as apostas na queda das
cotações. A exceção entre as softs exportadas pelo Brasil é o algodão,
que continua sua escalada e encerra março com altas de 5,01% em relação a
fevereiro e de 9,67% sobre dezembro do ano passado. Mas a venda de estoques
chineses tende a brecar o avanço.
– Fonte: http://www.valor.com.br/agro/5416465/preco-da-soja-sobe-ao-patamar-de-julho-de-2016
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