Se o plano do governo federal para as
ferrovias sair do papel, o setor alcançará, nos próximos cinco anos, o maior
patamar de investimentos da história, com a injeção de R$ 25 bilhões. As
chances são maiores desta vez porque incluem os aportes a serem feitos em
trechos já existentes, por meio da renovação antecipada de contratos de
concessão. A construção de novas vias se mostrou complexa em iniciativas
anteriores, devido ao volume de investimentos necessários e a insegurança
jurídica aos investidores. “Os benefícios da renovação antecipada ajudarão
diversas empresas, não apenas às concessionárias”, afirmaVicente Abate,
presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer).
“Trata-se de uma oportunidade única para o setor e para toda a indústria.”
Segundo a entidade, se confirmados, os recursos devem elevar a produção de
locomotivas e vagões de 2,5 mil unidades/ano, para 4,7 mil/ano a partir de
2019.
O sinal verde para a renovação
antecipada depende da análise da proposta entregue pela Agência Nacional de
Transportes Terrestres (ANTT) ao Tribunal de Contas da União (TCU). Beneficiará
cinco empresas: a Rumo, a MRS, a VLI, a Vale Estrada de Ferro Carajás (EFC) e a
Vale Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM). “A antecipação das renovações dará
início à maior onda de investimentos no modal ferroviário de todos os tempos”,
afirma Marcelo Spinelli, presidente da VLI. A aprovação é aguardada para junho,
quando a Rumo, responsável pelo trecho Malha Paulista, que liga o interior do
Estado de São Paulo ao Porto de Santos, deverá ser a primeira a estender seu
contrato por mais 30 anos. O plano da empresa é desembolsar R$ 5 bilhões até
2023.
Além das renovações, a expectativa do
governo é conceder projetos para a construção de 3 mil quilômetros de novos
trechos e leiloar parte da malha existente que está hoje na mão do Estado, com
necessidade de novos investimentos, como a Ferrogrão e a Ferrovia Norte Sul,
previstos para 2018. “Nenhum país de dimensão continental consegue ser
competitivo se não tiver um sistema ferroviário forte”, afirma Paulo Resende,
coordenador do Núcleo de Logística, Supply Chain e Infraestrutura da Fundação
Dom Cabral. Pelos números do Plano Nacional de Logística do governo federal, as
ferrovias no Brasil respondem por apenas 15% das cargas movimentadas, contra
37% na China, 47% nos EUA, e 46% no Canadá. Diante da paralisação dos
caminhoneiros, que deixaram o País de joelhos, fica evidente que é preciso
mudar esse cenário.
Um estudo da Fundação Getúlio Vargas
sugere benefícios para toda a economia. O efeito positivo com a nova onda de
aportes é estimado em R$ 10 bilhões, sendo 75% com a redução de custos com
transporte e 25% com a diminuição de acidentes, congestionamentos e poluição
dos caminhões. “O efeito multiplicador benéfico é imenso e reflete em diversos
outros setores, com aumento da competitividade do agronegócio e a eficiência
dos portos”, afirma Fernando Marcato, autor do estudo. Segundo ele, as
renovações têm o potencial de injetar R$ 42,6 bilhões na economia como um todo,
com a geração de 700 mil novos empregos.
– Fonte: https://www.istoedinheiro.com.br/rota-alternativa-nas-ferrovias/
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