Raízen e São Martinho compram canaviais da Usina Furlan

A Raízen Energia, joint venture entre
Cosan e Shell, e a São Martinho fecharam um acordo para assumir a moagem de 1
milhão de toneladas de cana que hoje são processadas pelo tradicional grupo
Furlan em sua usina de Santa Bárbara d’Oeste (SP), na região de Piracicaba,
conforme apurou o Valor. A negociação levantará para a Usina Furlan cerca de R$
18 milhões.

Pelo que foi acertado, esse volume de
cana sairá de uma área de cerca de 7 mil hectares que a família Furlan
arrendará por 20 anos para as duas companhias e de produtores que atualmente
fornecem cana para a usina de Santa Bárbara d’Oeste.

A Raízen Energia, que tem um polo com
quatro usinas na região, deve ficar com dois terços dessa cana, enquanto a São
Martinho, também dona de uma usina nas proximidades, deve ficar com o outro
terço.

Embora o contrato contemple a
possibilidade de venda da usina em Santa Bárbara d’Oeste, o plano do grupo
Furlan é desativá-la. Com a venda do ativo biológico, a companhia pretende
operar apenas sua segunda usina, localizada em Avaré (SP). A perspectiva é inclusive
transportar alguns equipamentos para essa unidade.

A negociação realizada com Raízen e
São Martinho ainda precisa ser aprovada pelos acionistas do grupo Furlan, que
decidirão sobre o assunto em uma assembleia extraordinária convocada para o dia
20 deste mês.

Tanto para o vendedor como para os
compradores, a transação resolve um problema que outras companhias do setor
também enfrentam neste ano: a baixa oferta de cana. Com a transação, Raízen e
São Martinho conseguem elevar a moagem de suas unidades da região já nesta
safra e ainda garantem matéria-prima para aumentar o processamento nas próximas
temporadas.

Para o grupo Furlan, a transação
permitirá focar os investimentos industriais na unidade de Avaré, que tem
capacidade de processar 1,4 milhão de toneladas de cana por safra. Com o
transporte de equipamentos da usina de Santa Bárbara D’Oeste e eventuais
aportes, a unidade poderá chegar a uma capacidade de 2,5 milhões de toneladas
de cana por safra.

Procurado, Estevam Furlan,
vice-presidente do conselho da companhia, disse que não poderia confirmar as
informações e que a proposta ainda precisa passar pelo crivo dos acionistas na
assembleia do dia 20. Ele disse que a região de Santa Bárbara D’Oeste sofre
atualmente com a restrição de áreas agrícolas por causa da expansão urbana, mas
afirmou que a usina localizada no município também está pronta para começar a
processar a cana desta safra, que começou oficialmente em abril.

A disputa por cana no Centro-Sul,
especialmente no Estado de São Paulo, está mais acirrada nesta safra. A razão é
que os canaviais sofreram com problemas climáticos no ano passado – que
afetaram o rebrotamento da cana – e também no início desta temporada, a
2018/19, quando houve três meses de seca, o que ainda pode comprometer a
produtividade no fim da safra.

Com uma moagem total de 61,2 milhões
de toneladas de cana na safra passada, a Raízen tem quatro usinas na região: a
Santa Helena, em Rio das Pedras, a Bom Retiro, em Capivari, a Rafard, na cidade
de mesmo nome, e a São Francisco, em Elias Fausto. O grupo São Martinho, que
processou 22,2 milhões de toneladas até o terceiro trimestre do ciclo passado,
também tem usina na região, a Iracema, em Iracemápolis, que processa mais de 3
milhões de toneladas por safra.

A venda da área ainda fortalece grupo
Furlan financeiramente. A concentração da moagem em Avaré, se aprovada, diluirá
seus custos fixos, enquanto a venda dos canaviais elevará o caixa.

O montante de R$ 180 milhões que a
companhia deve levantar com a venda dessas áreas supera a dívida líquida que
grupo detinha no fim da safra 2016/17, de R$ 178,9 milhões, e equivale a mais
da metade de seu faturamento daquela temporada, de R$ 362,4 milhões, conforme
os resultados mais recentes divulgados.

Procuradas, a Raízen Energia e a São
Martinho preferiram não comentar a negociação.

 

– Fonte: http://www.valor.com.br/agro/5600385/raizen-e-sao-martinho-compram-canaviais-da-usina-Furlan


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