STJ extingue denúncia contra executivos de empresas acusadas de cartel em obras do Metrô de SP

Superior
Tribunal de Justiça (STJ) extinguiu uma denúncia criminal contra executivos de
empresas acusadas de formação de cartel em licitações para obras no Metrô de
São Paulo para a elaboração do projeto executivo, fornecimento e implantação de
sistemas para o trecho Ana Rosa-Ipiranga e sistemas complementares para o
trecho Ana Rosa-Vila Madalena da Linha 2-Verde. As empresas são Alstom,
Bombardier, Balfour Beatty e T’Trans.

As empresas
envolvidas teriam, entre 2000 e 2007, durante governos Mário Covas, Geraldo
Alckmin e José Serra, todos do PSDB, feito um acordo para dividir entre elas
contratos de reformas no Metrô e na Companhia Paulista e Trens Metropolitanos
(CPTM).

O G1 entrou
em contato com as companhias citadas no caso. O advogado da T’Trans, Claudio
Abbatepaulo, informou que “a decisão do STJ acolheu os pedidos das defesas
porque havia excesso acusatório”. A Alstom informa que, como pessoa
jurídica, não é parte no processo, mas que “colabora com as autoridades
sempre que solicitada e que “opera com um rigoroso código de ética e com
todos os regulamentos dos países onde atua”. A reportagem não conseguiu
localizar o representante da Balfour Beatty.

Até agora, o
Ministério Público de São Paulo fez 14 denúncias sobre o caso. Esta é a segunda
que é interrompida pelo STJ em Brasília a pedido dos advogados dos reús ainda
na fase processual que acontecia em São Paulo.

De acordo
com a denúncia, as empresas vencedoras da licitação após assinarem os contratos
subcontratavam empresas que perderam a concorrência.

O contrato
foi assinado em 2005 mas recebeu oito aditivos. Segundo a decisão do STJ, a
denúncia deveria ser extinta porque já se passou prazo maior do que
estabelecido em lei, de oito anos.

O promotor
Marcelo Mendroni, que moveu 14 denúncias criminas, acredita que os crimes descritos
tiveram continuidade com o pagamento de aditivos e que, por tanto, não
prescreveram.

 

Histórico

 

A
investigação de irregularidades nas licitações dos trens do Metrô e da CPTM
teve como um de seus pontos principais o acordo de leniência (ajuda nas investigações)
feito em 2013 entre a Siemens, acusada de participar de suposto cartel, e o
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão ligado ao Ministério
da Justiça.

O
desdobramento das investigações mostrou, no entanto, que o esquema poderia
estar funcionando muito antes da denúncia feita pela Siemens. O suposto
pagamento de propinas a governos no Brasil pela empresa Alstom teria tido
início em 1997, segundo apuração iniciada pela Justiça da Suíça.

Em 2008, o
jornal norte-americano “The Wall Street Journal” revelou
investigações em 11 países contra a Alstom por pagamento de propinas entre 1998
e 2003. As suspeitas atingiam obras do Metrô e funcionários públicos. Foi neste
ano que o Ministério Público de São Paulo entrou no caso, pedindo informações à
Suíça e instaurando seu próprio inquérito.

Também em
2008 um funcionário da Siemens denunciou práticas ilegais no Brasil à sede
alemã, dando detalhes do pagamento de propina em projetos do Metrô, CPTM de SP
e Metrô DF. Em 2013, a Alstom recebeu multa milionária na Suíça e um de seus
vice-presidentes acabou preso nos Estados Unidos.

No Brasil, a
Siemens decidiu então fazer a denúncia ao Cade delatando a existência do
cartel. Em dezembro, a ação chegou ao Supremo Tribunal Federal. A investigação
se ampliou e mostrou que o esquema poderia ser bem mais amplo do que se
imaginava.

Em 2014, o
Cade ampliou o processo e passou a investigar licitações (de 1998 a 2013) em
mais locais, além São Paulo e Distrito Federal. Entraram também nas apurações
Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

Segundo a
Polícia Federal, o cartel era um jogo de cartas marcadas. As empresas não só
superfaturavam em até 30% o preço das obras e dos trens, como combinavam qual
delas faria a proposta vencedora de determinada licitação. Pelo acordo, quem
vencia a licitação subcontratava as perdedoras. Para o esquema funcionar, as
empresas pagavam propina a servidores públicos. Segundo a PF, lobistas
intermediavam os pagamentos.

 

– Fonte: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/stj-extingue-denuncia-contra-executivos-de-empresas-acusadas-de-cartel-em-obras-do-metro-de-sp.ghtml


Fonte:

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*



0