Cinco candidatos à Presidência e representante da chapa do PT apresentam propostas em fórum de infraestrutura

Cinco
candidatos à Presidência da República e uma representante da chapa encabeçada
pelo PT participaram nesta segunda-feira (20) de fórum realizado em São Paulo
que discutiu propostas para a área de infraestrutura e equipamentos.

O fórum foi
organizado pela Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base
(Abdib). Cada candidato falou por cerca de uma hora. Eles tinham 15 minutos
para uma apresentação inicial e, em seguida, a mediadora do evento fazia
perguntas. Ao final do evento, os candidatos respondiam duas questões da
plateia.

 

Foram
sabatinados pelos empresários no evento, na ordem em que se apresentaram:

Marina Silva
(Rede)

Manuela
D’Ávila ( PCdoB), representante da chapa encabeçada pelo ex-presidente Lula

Guilherme
Boulos (PSOL)

Geraldo
Alckmin (PSDB)

Henrique
Meirelles (MDB)

Ciro Gomes
(PDT)

Veja os
principais pontos da fala de cada candidato ao Palácio do Planalto:

 

Marina Silva
(Rede)

Reforma da
Previdência – A reforma da Previdência, na avaliação dela, é fundamental para
resolver privilégios. Para Marina, “não se pode deixar as contas para os
mais frágeis”.

Lava Jato –
A candidata da Rede disse acreditar que os trabalhos da Operação Lava Jato –
que ela considera “uma das maiores contribuições desde a
redemocratização” – irão influenciar nos votos dos eleitores por ter
revelado a “verdade”. “A grande preocupação é o que vamos fazer
com essa verdade”, ponderou. “Se antes a sociedade tinha uma
dificuldade enorme com política, depois da Lava Jato esse distanciamento se
aprofundou de forma muito maior”, complementou.

Partidos –
Para ela, todos os grandes partidos deram uma grande contribuição para o país,
mas se “se perderam em projetos de poder”. “O PMDB foi o guarda-chuva
da democracia. O PSDB com o Plano Real. […] Nosso objetivo é unir o Brasil.
Não tenho preconceito com legado do PT e com o bom legado do PSDB.”

PPPs –
Marina defendeu a realização de parcerias do poder público com a iniciativa
privada. “Tenho uma visão de estado que tenta sair da armadilha do estado
provedor. […] Nenhum país é competitivo sem uma indústria competitiva”,
declarou. A ex-ministra disse ainda que é preciso blindar as
“interferências políticas” sobre as agências reguladoras.

 

Manuela
D’Ávila (PCdoB)

Investimentos
públicos – A representante da chapa de Lula afirmou que é preciso recompor a
capacidade de investimento do estado e defendeu um eventual fundo de
financiamento de infraestrutura. “Nós calculamos que com aproximadamente
10% do que são as reservas internacionais, junto com recursos privados do
BNDES, podemos chegar a R$ 100 bilhões imediatamente para investimentos em
infraestrutura”, sugeriu.

Reforma de
estado – Manuela defendeu uma “reforma de estado”, com a criação de estruturas
que combatam a corrupção na sua origem “e não sejam obstáculos para
investimentos”. Segundo ela, ao se combater a corrupção no país, os
investimentos no Brasil acabaram paralisados. A representante de Lula também
disse que iniciativas como os Programas de Parceria de Investimentos (PPIs) são
“o espírito” da reforma de estado defendida pela coligação do PT.

Saneamento –
A candidata criticou as políticas de ajuste fiscal que, na visão dela, podem
afetar os investimentos em saneamento. “Os municípios que conseguiram
investimentos vultosos nisso tem parceria com recursos internacionais”,
observou.

Vice –
Diferentemente do que afirmou no começou da campanha, quando afirmou que seria
vice na chapa do PT “em qualquer circunstância”, com Lula ou Haddad
como cabeça de chapa, desta vez Manuela se limitou a dizer que é
“provável” que ocupe a vaga de vice na coligação do PT. “O dia
que a candidatura de Lula for deferida, a probabilidade é que me torne vice
nessa chapa”, destacou.

 

Guilherme
Boulos (PSOL)

Ajuste
fiscal – Boulos afirmou no evento que a questão fiscal é um ponto que preocupa
a todos no país, mas, na avaliação dele, não se resolve isso com “ajuste
fiscal”. A solução para solucionar a crise fiscal, na opinião do candidato
do PSOL, é investimento econômico”. “Se o país cresce, arrecada-se
mais”, ponderou. De acordo com Boulos, o governo Michel Temer representa o
“fracasso” deste tipo de política fiscal.

Desonerações
– O presidenciável disse que, para ele, a política de desonerações precisa ser
reavaliada no país. “Não dá para o Brasil seguir sendo o país dos bancos.
Os bancos chegam aqui e fazem o que querem”, enfatizou.

Industrialização
– Guilherme Boulos defendeu a implantação de uma política industrial
“ousada”. “O Brasil não tem vocação para ser fazenda da China,
exportando soja e minério”, disse o presidenciável. “Vamos ter
investimentos pesados em ciência, tecnologia e inovação”, acrescentou.

 

Geraldo
Alckmin (PSDB)

Ajuste
fiscal – Alckmin defendeu uma política de ajuste fiscal. “Com uma boa
política fiscal, você recupera a capacidade de investimento”, afirmou. Ele
citou privatizações, concessões e Parcerias Público-Privadas (PPPs) como meios
para ajustar as contas públicas. O candidato do PSDB também ponderou que quem
ganhar a eleição presidencial encontrará um país fragmentado e alto déficit
primário. “A primeira medida vai ser zerar esse deficit em até dois
anos.”

Coligações –
Alckmin foi indagado sobre a ação apresentada no TSE pelo candidato do MDB,
Henrique Meirelles, que pede que a candidatura do tucano seja rejeitada. No
pedido, a coligação de Meirelles argumenta que as atas de seis partidos que
compõem a coligação de Alckmin (PTB, PP, PR, DEM, PRB e SD) estão irregulares
porque não exibem expressa concordância com a participação de todos os partidos
na aliança eleitoral. O candidato do PSDB disse que “não faz sentido”
um partido que não é da coligação questionar a candidatura.

Reforma
tributária – Alckmin disse que para retomar o crescimento preparou uma
“agenda de competitividade” que passa pela reforma e simplificação
tributária. “ICMS, ISS, PIS, Cofins e IPI em um só imposto”, sugeriu
Alckmin. “Isso é importante para a indústria, reduzir o imposto para as
empresas reinvestirem no país”, complementou.

Saneamento –
Alckmin disse que pretende fazer um grande investimento na área de saneamento
básico. “Por que você tem investimento em extração de petróleo e não tem
investimento em saneamento? Porque não tem um bom marco regulatório e segurança
jurídica. O saneamento é um setor que gera emprego e vai ajudar na saúde
pública”, defendeu. Alckmin afirmou ainda que, em seu eventual governo,
todo recurso arrecadado com a cobrança de Cofins e Pasep será investido em
saneamento.

 

Henrique
Meirelles (MDB)

Obras
paralisadas – No evento, o ex-ministro da Fazenda afirmou que, se eleito,
pretende aumentar a oferta de infraestrutura e também fazer investimentos no
setor. Meirelles disse ainda que concluirá obras paralisadas, o que, segundo
ele, ajudará na geração de empregos. “Há no país 7,4 mil obras paralisadas ou
quase prontas. É necessário R$ 77 bilhões para concluir essas obras. Acho que é
viável, temos condições e será feito”, prometeu.

Concessões e
privatizações – Meirelles disse que quer simplificar o processo de concessões
para possibilitar “descontração de investimentos”; dar autonomia decisória e
qualificação técnica a agências reguladoras; e acelerar o processo de
privatização de estatais. “Temos que ter segurança no investimento, regras
estáveis. Não podemos ter insegurança jurídica. E existe a possibilidade de
privatizarmos uma grande parcela dos investimentos”, advertiu. Na avaliação de
Meirelles, o país tem um “grande” número de investimentos feitos por estatais
dependentes do Tesouro Nacional. “Estatais que, além de serem ineficientes, são
deficitárias”, reclamou.

Reformas – O
emedebista afirmou que o Brasil precisa enfrentar a questão da Previdência
Social com uma reforma justa. “Hoje, [a Previdência] é um processo de
transferência de renda dos mais pobres para os mais ricos. Privilegia altos
salários e penaliza os baixos salários.”. Meirelles defendeu propostas do
governo Temer que foram aprovadas enquanto ele estava à frente do Ministério da
Fazenda, como a reforma trabalhista e a PEC que limita os gastos públicos.

Saneamento
básico – Meirelles disse que, das 100 maiores cidades brasileiras, apenas duas
têm tratamento de esgoto para 100% da população. “Temos que fazer investimentos
fortes em infraestrutura e saneamento porque é a base da saúde a longo prazo”,
disse.

Indústria –
O emedebista declarou que é preciso “estabilidade” para a indústria
crescer no Brasil. “Ninguém vai fazer investimento com imprevisibilidade”,
destacou. Ele também defendeu a redução da burocracia para aumentar a
produtividade das empresas. “Temos que garantir que os processos sejam
eficazes”, disse Meirelles.

 

Ciro Gomes
(PDT)

Industrialização
– Ciro Gomes defendeu investimentos na indústria nacional e lembrou que a
participação desse segmento no Produto Interno Bruto (PIB) caiu nas últimas
três décadas em comparação com a fatia que esse setor representa em outros
países, como a China. Segundo o pedetista, a indústria no Brasil hoje
representa menos de um décimo do PIB industrial chinês. “Vamos ser exportador
de soja, de milho? Isso não paga a conta de celular, computador, diagnóstico
médico”, declarou.

Teto de
gastos – O ex-governador do Ceará disse que, se eleito, vai propor a revogação
da emenda constitucional que limitou os gastos públicos por duas décadas.
“Precisamos revogar isso porque, se não revogarmos, tudo [proposto] no debate
de hoje é mentira grosseira”. “51,6% da arrecadação vai para juro e rolagem de
dívida […], 29%, para Previdência […]. Sobra 20% para tudo o mais:
educação, saúde, infraestrutura. Em cima desses 20%, essa gente estabeleceu uma
coisa, uma emenda que proíbe a expansão de investimentos por 20 anos. É de uma
perversão.”

Tributação –
Ele afirmou que, se for eleito, fará uma “equação fiscal nova”, com tributação
de lucros e dividendos, aumento da alíquota de imposto sobre heranças e revisão
de incentivos fiscais. “O Brasil tem hoje R$ 354 bilhões de renúncias fiscais,
parte delas feita pela dona Dilma Rousseff, nossa presidenta, sem consultar
nenhum objetivo estratégico”, criticou. “Essas providências viram o jogo”,
acrescentou.

Reservas
cambiais – O candidato do PDT disse que, se vencer a eleição presidencial,
poderá vir a utilizar frações de reservas cambiais para injetar na economia.
“Podemos usar para ajudar a alavancar as coisas. Não pode ser grande [a fração]
porque tem efeito inflacionário, mas algo ao redor de R$ 100 bilhões, cerca de
US$ 30 bilhões. Isso não tem efeito inflacionário nenhum e pode ser o [fator]
que precisamos para virar o jogo já no primeiro momento.”

Obras
paralisadas – Ciro afirmou que é possível retomar dois terços das obras
paralisadas no país com medidas simples. “O foco é em obras paradas. Tem 7,6
mil obras paradas, dá para a gente ativar dois terços delas com conversa com
juiz, conversa com promotor, normativas de menor hierarquia, assumir a proteção
do servidor público que tá com dificuldade de assinar as coisas, mudar normas.
Estive no BNDES, eles têm R$ 150 bilhões para financiar concessões. Já estou
fazendo conta com esse dinheiro.”

Reforma da
Previdência – O pedetista disse que pretende fazer mudanças nas regras de
aposentadoria, mas sem “qualquer retroatividade”. “A Constituição diz que
é irretroativa a norma que ferir direito adquirido. Estou propondo um teto
alternativo, que unifique as previdências todas, pública e privada”, ressaltou.

 

Fonte: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/eleicoes/2018/noticia/2018/08/20/cinco-candidatos-a-presidencia-e-representante-da-chapa-do-pt-apresentam-propostas-em-forum-de-infraestrutura.ghtml

Fonte:

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