Artigo de Marcus Quintella, doutor em Engenharia de
Produção pela Coppe/UFRJ e professor da FGV
O conceito
de cidade inteligente, do inglês smart city, engloba elementos que podem
facilitar e melhorar a qualidade de vida da população, desde importantes
projetos estruturantes até pequenas adaptações e correções dos sistemas
existentes, mas sempre com foco no cidadão. A mobilidade urbana inteligente é
parte de uma smart city que deve contar com as melhorias da tecnologia para
integrar infraestrutura de transporte, veículos e usuários. A natureza da
circulação de pessoas e bens, desde a qualidade da infraestrutura de
transporte, dos modelos operacionais até os tipos de veículos usados, tem um
impacto direto sobre o meio ambiente, o consumo de energia e a qualidade de
vida. As ferramentas inteligentes para o gerenciamento da mobilidade podem
ajudar os gestores a monitorar e otimizar esses movimentos, construindo um
transporte urbano mais sustentável.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
O transporte
público multimodal é a chave para cidades eficientes e sustentáveis, com forte
ênfase nas integrações operacional, física, tarifária e institucional dos modos
de transportes. A integração operacional garante horários, frequências,
itinerários e oferta de transporte compatível com a demanda. A integração
física, a estruturação espacial, abrangência e interfaces. A integração
tarifária tem como ponto principal a tarifa única para acesso a todo o sistema
de transporte, com tecnologia de controle embarcada e smartcard. A
institucional tem como pilar a constituição de uma autoridade metropolitana
única.
As redes de
transportes integradas devem possuir opções de viagem por diversas modalidades
(caminhada, bicicleta, carros, táxis, ônibus, BRT, trens, metrôs, VLT, barcas
etc.), todas seguras, bem planejadas, não poluentes e com tarifa única e
transferências contínuas.
Uma
mobilidade urbana sustentável tem espinha dorsal num sistema de transporte
sobre trilhos, nos corredores de grande demanda (acima de 45 mil
passageiros/hora/sentido), como metrôs e trens. Nos corredores de média demanda
(entre 15 mil e 45 mil passageiros/hora/sentido), devem existir os sistemas
leves sobre trilhos (VLT) e sistemas segregados sobre pneus (BRT). Como
sistemas alimentadores e complementares devem ser utilizados os transportes
rodoviários e hidroviários, como ônibus convencionais, em vias exclusivas ou
linhas circulares; e barcas.
Existe
também a necessidade de uma infraestrutura viária compatível com a movimentação
de veículos, com sinalização e controle de tráfego inteligente e uma rede
cicloviária protegida e sinalizada. As soluções inovadoras são bem-vindas, como
teleféricos, elevadores de grande capacidade e bicicletas públicas. O
gerenciamento da mobilidade urbana deve prever restrições e limitações ao
transporte individual nas zonas centrais, calçadas confortáveis, niveladas, sem
buracos e obstáculos, para atender as viagens a pé ou em cadeiras de rodas, e
educação de trânsito. São imprescindíveis as interfaces que permitam integração
multimodal e ofereçam conforto, segurança, serviços e comércio.
No caso do
Rio, para que haja evolução em termos de mobilidade, seriam necessárias as
seguintes ações gerenciais: melhorar drasticamente a qualidade do transporte
coletivo; rebalancear a matriz de transporte público, com ênfase na
metroferrovia; expandir a rede de transporte para toda a população; implantar,
aumentar e melhorar os modos de transportes em função da demanda; construir
interfaces multimodais de médios e grandes portes, para promover a integração
entre os modos de transportes; implantar a autoridade metropolitana única;
implantar a política tarifária multimodal; promover as inspeções veiculares
regulares; limitar os automóveis nas zonas centrais; integrar o sistema de
transportes com a segurança pública; modernizar a sinalização viária e tornar a
semaforização inteligente; e melhorar o sistema viário e cicloviário e as calçadas
para pedestres.
O transporte
urbano multimodal, integrado, abrangente, barato e ecológico transforma
positivamente a mobilidade urbana de uma cidade e é fundamental para a melhoria
da qualidade de vida de sua população.
Fonte: http://www.jb.com.br/artigo/noticias/2018/08/02/mobilidade-urbana-inteligente/
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