Preservação ferroviária, uma exigência inadiável

Artigo de Genésio Pereira dos Santos, advogado, jornalista e
escritor

 

Não é de
agora que a preservação do patrimônio ferroviário está na fita, uma preocupação
de algumas entidades preservacionistas que apelam aos governos federal e estaduais,
no sentido de que as relíquias de um passado histórico do modo ferroviário não
sejam destruídas, por abandono e descaso – um acervo conquistado ao longo de
164 anos com a circulação do primeiro trem, em 1854, partindo de Guia de  Pacubaíba (Magé) até a Raiz da Serra. A
Estação da Leopoldina, inaugurada em 1926, foi uma façanha de Irineu
Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, elevado ao grau de Visconde,
recentemente.

A estação é
um marco primário histórico, que a União, o Estado do Rio, Estado Central e a
SuperVia têm a responsabilidade pela restauração, mesmo sem a decisão sobre
quem é quem, em conjunto ou isoladamente para promover a execução das obras,
por se tratar de uma exigência inadiável, “no tempo e no espaço” (meu jargão).

Em vez de
rivalizarem-se entre si, essas esferas deveriam formar uma parceria para a
restauração das obras, antes que seja tarde demais. Os responsáveis precisam se
fazer presentes, pois o prédio da estação é um das relíquias arquitetônicas do
povo, assim, todos sairão ganhando, considerando-se que tudo isso é Brasil, sem
embargos, frise-se.

A busca pela
titularidade dessa prenda, a rigor, não leva a lugar nenhum. Já  é decorrido um ano de atraso, já que houve o
último “decisum” da 7ª Turma Especializada do TRF-2, o que quer dizer que o
pleito tem data anterior de ajuizamento. Enquanto isso, as obras não acontecem
e o prejuízo da deterioração marca presença, pela ausência de quem de direito.

Efetivamente
não é essa a vertente para solucionar o impasse. Um gesto de grandeza precisa
vir à tona. À população não interessa esse tipo de peleja alimentada pela
vaidade de alguns dirigentes à frente da União, Estado Central e SuperVia;  esses dois último condenados a dar inícioàa
recuperação do maravilhoso ícone.

O pior nisso
tudo é a falta de vontade política das “otoridades”. O desabamento da marquise
é eminente; ocorrerá a qualquer momento, basta que algum vândalo ou desocupado
resolva forçar os frágeis escoramentos. Em frente ao prédio há um ponto de
ônibus, e as pessoas correm perigo.

O Movimento
de Preservação Ferroviária (MPF), a Associação Fluminense de Preservação
Ferroviária, a Associação Ferroviária Trilhos do Rio, o Grupo Ferroviário de
Preservação Ferroviária e a Associação de Engenheiros Ferroviários (Aenfer),
todos, há décadas, lutam no sentido de que os bens da antiga Rede Ferroviária
Federal S/A sejam devidamente preservados, considerando-se  que são um conjunto patrimonial rico do povo
brasileiro, que não deve ficar exposto ao abandono e ao descaso. Um absurdo o
que está acontecendo com a Estação Leopoldina.

 

Fonte: http://www.jb.com.br/artigo/noticias/2018/08/09/preservacao-ferroviaria-uma-exigencia-inadiavel/


Fonte: Jornal do Brasil

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