Objetos e o
alicerce de uma loja do final do século XIX que se dedicava ao comércio de
escravos podem ter sido descobertos no centro do Rio. O sítio arqueológico foi
encontrado durante as escavações para a linha 3 do Veículo Leve sob Trilhos, o
VLT, na rua Miguel Couto, no centro do Rio.
O local fica
há cerca de um quilômetro do Cais Valongo, o maior porto escravagista da
história, já declarado patrimônio cultural da humanidade pela Unesco. Os
arqueólogos que conduzem as pesquisas no local cruzaram mapas da época com
informações de jornais, e a localização bate com anúncios de venda de escravos
presentes no Jornal do Comércio.
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Ao final das
pesquisas, devem ser definidas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional, o Iphan, medidas a serem adotadas pela concessionária e
pelo poder público para dar visibilidade aos achados, mas por enquanto não há a
possibilidade de que a estrutura subterrânea fique exposta e nem que se altere
o trajeto do VLT.
A arqueóloga
do Iphan do Rio, Maria Cristina Leal Rodrigues, responsável por fiscalizar as
pesquisas, afirma que a exposição total do sítio não é viável pelo fato de ele
se encontrar no meio da via.
A descoberta
só foi possível porque como parte do licenciamento da obra foi demandada pelo
Iphan uma pesquisa arqueológica. O procedimento é comum em alguns tipos de
obras que envolvem regiões com patrimônio cultural.
Roberto
Stanchi, responsável pela Coordenação Nacional de Licenciamento do Instituto,
explica que em várias cidades pelo Brasil e inclusive em outras partes do mundo
com história muito mais antiga, como Roma, por exemplo, existem várias camadas
de história e que nem tudo fica exposto, entretanto, ele reforça a necessidade
de o país aprimorar essa relação entre o desenvolvimento e a preservação do
patrimônio.
As pesquisas
para que as obras prossigam devem durar pelo menos até outubro. O VLT já fez
uma adequação no projeto, com a instrução do Iphan, para realizar um asfaltamento
mais alto do que o originalmente previsto para a preservação do sítio. Entre os
objetos encontrados, está uma bola de ferro, que pode ter sido usada como um
grilhão.
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