Prefeitura precisa buscar uma saída para evitar a paralisação do VLT

Não há dúvidas de que o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), ou bonde moderno, que circula pelo Centro e pela Zona Portuária, é um dos grandes legados da Rio 2016. Confortável, silencioso, não poluente e com duas linhas que o integram aos outros tipos de transporte, o sistema rapidamente caiu no gosto dos cariocas.

Por isso, é preocupante o impasse entre a prefeitura e a concessionária do serviço. Segundo o consórcio que opera o VLT, o governo acumula uma dívida de R$ 110 milhões com a empresa, que decidiu acionar o município na Justiça. O presidente do grupo, Márcio Hannas, diz que se o imbróglio não for resolvido, dentro de um mês os bondes deixarão de circular.

Como mostrou reportagem do GLOBO, publicada anteontem, a prefeitura não confirma a dívida e alega que “diante de graves problemas encontrados no contrato de concessão do VLT, assinado pela gestão anterior”, decidiu rever os termos da PPP.

A implantação do VLT custou R$ 1,2 bilhão, dos quais 46% vieram do antigo Ministério das Cidades, e os outros 54% foram bancados por empresas privadas. Pelo contrato firmado durante a gestão do então prefeito Eduardo Paes, o governo municipal se comprometeu a pagar à concessionária 270 parcelas de cerca de R$ 6 milhões, a partir do mês seguinte ao início da operação. Segundo o consórcio, desde maio do ano passado, os valores não são repassados.

Num encontro com servidores da Fundação Parques e Jardins, na Taquara, quarta-feira, o prefeito Marcelo Crivella questionou os investimentos no sistema: “Quanto custou aquela porcaria? Um bilhão”. Ele também se queixou dos termos do contrato, que prevê que a prefeitura terá de ressarcir a concessionária caso o número de passageiros fique abaixo dos 260 mil/dia – hoje o sistema transporta cerca de 80 mil. Segundo Crivella, isso representaria uma despesa de R$ 195 milhões/ano.

Não se pode perder de vista que o VLT, inaugurado para a Rio 2016, começou a operar num período em que o país vivia a pior recessão de sua história. No Estado do Rio, que praticamente quebrou, a crise foi ainda mais grave do que no restante da Federação. E a recuperação da economia tem acontecido lentamente. Com o desemprego em alta, todos os transportes perderam passageiros. O VLT não é exceção.

Portanto, a prefeitura precisa encontrar uma solução para manter o serviço, de modo que a população não seja prejudicada. E a negociação com a concessionária é o melhor caminho a seguir. Ao lado dos museus e da Orla Conde, o VLT é parte de um projeto de revitalização da Zona Portuária e do Centro que ainda tem muito para crescer. E os trilhos do bonde certamente correrão paralelamente a essa expansão.

Fonte:O Globo (Opinião)
https://oglobo.globo.com/opiniao/prefeitura-precisa-buscar-uma-saida-para-evitar-paralisacao-do-vlt-23543453

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