A redução da oferta de minério de ferro no mercado mundial, após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG) e a passagem de um ciclone por áreas de operação da BHP e da Rio Tinto na Austrália, mais do que compensou o esfriamento das expectativas em relação à economia chinesa, e vai garantindo à commodity ganhos acumulados superiores a 30% neste ano.
Até ontem, segundo a publicação especializada “Fastmarkets MB”, a tonelada do minério com pureza média de 62% entregue no porto de Qingdao subiu 31,03% em 2019, para US$ 95,30 a tonelada, o maior valor em quatro anos e meio. No dia, a alta foi de 2,6% e, em abril, a valorização chegou a 11,7%.
No mercado futuro, os contratos mais líquidos para entrega em maio e setembro subiram mais de 4%. Na Bolsa de Commodities de Dalian, os contratos para maio fecharam em 712 yuans por tonelada, com alta de 24,50 yuans ante o preço de quinta-feira – na sexta-feira, feriado, a China celebrou o Dia da Limpeza dos Túmulos. Os contratos de setembro, por sua vez, encerraram o dia a 653,50 yuans, com ganho de 26,50 yuans.
No curtíssimo prazo, os mais otimistas veem espaço para nova alta, enquanto outros participantes do mercado indicam que a cotação atual está alinhada aos fundamentos. Contudo, para o longo prazo, a visão dos analistas ainda é de preços decrescentes. Um trader de Xangai ouvido pela Fastmarkets observou que a alta recentes das cotações parece ser motivada mais pela especulação em torno da oferta da commodity do que propriamente por fundamentos concretos.
Em relatório sobre minério de ferro e aço de sexta-feira, o analista Carsten Menke, do banco Julius Baer, afirmou que as interrupções significativas na oferta empurraram os preços para as máximas em muitos anos. Para as siderúrgicas, porém, o aumento de custo com o minério foi compensado pelo coque mais barato. Para o banco, o mercado de minério está equilibrado e os preços do aço devem permanecer limitados, com a menor demanda na China.
“Fora da China, a demanda por aço parece ter superado o pico cíclico. A produção começou a encolher na Europa e no Japão, mas continua a crescer nos Estados Unidos como resultado das tarifas aplicadas pelo governo. Assim, os preços menores do aço americano apontam para um mercado interno suficientemente abastecido”, escreveu.
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