Um vídeo de supostas obras da ferrovia Transnordestina circula pelo Facebook afirmando se tratar de uma iniciativa do governo Jair Bolsonaro. As imagens, no entanto, são antigas e mostram trabalhos de duplicação de uma ferrovia no Pará. A desinformação também não é nova e já foi desmentida no ano passado em outro contexto.
A cena mostra a construção de trilhos em meio a uma estrada de terra. Em determinado momento, uma das pessoas presentes diz se tratar de obras em Marabá, no Pará, e que a ferrovia seguiria até o Maranhão. A legenda que acompanha o vídeo informa que se trata da Transnordestina, retomada pelo governo federal após ficar parada por 30 anos.
As obras, no entanto, se referem à expansão da Estrada de Ferro Carajás, da Vale, que conecta Carajás, no sudeste do Pará, ao Porto de Ponta da Madeira, em São Luís (MA). No próprio vídeo, o logo da empresa é visto em um dos trens presentes na obra.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
Segundo a mineradora, os trabalhos foram realizados entre 2013 e 2018 e abrangeram 575 quilômetros de ferrovia duplicada em 27 localidades entre o Maranhão e o Pará, 77 deles no trecho de Marabá. Houve também a construção de 40 pontes ferroviárias, 6 viadutos ferroviários e 48 viadutos rodoviários.
É importante destacar que as obras da chamada Nova Transnordestina não englobam os Estados do Pará e Maranhão. O trecho de 1.753 quilômetros projeta ligar o Porto de Pecém, no Ceará, o Porto de Suape, em Pernambuco, e o município de Eliseu Martins, no cerrado do Piauí.
Atualmente, os trabalhos da ferrovia estão paralisados, após o repasse de recursos para a Transnordestina ser suspenso por decisão do Tribunal de Contas da União (TCU). O orgão encontrou “alto risco” nas obras e revisou entendimento anterior, que havia revogado uma medida cautelar semelhante.
Em nota, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) informou desconhecer “a retomada de qualquer obra na Transnordestina” e informa que a área de ferrovia já fechou o relatório que apura indícios de descumprimentos no contrato firmado entre o governo e a Transnordestina Logística SA (TLSA), responsável pelo empreendimento.
Procurada pela equipe do Estadão Verifica, a TLSA, do grupo Companhia Siderúrgica Nacional, não comentou a situação das obras.
Chineses
O mesmo vídeo já circulou pelas redes sociais acompanhando um boato falso sobre interferências externas no Brasil. As imagens apontavam que as obras eram feitas por chineses e russos e visavam conectar Marabá a Lucas do Rio Verde, no Maranhão. A mensagem afirmava que o Brasil “já está dominado pela China” e pedia intervenção popular. À época, o boato foi desmentindo pelo Boatos.org.
Seja o primeiro a comentar