Projeto integrado para mina na Bahia

A Bahia Mineração (Bamin), do grupo Eurasian Resources Group (ERG), está prestes a tirar a mina Pau de Ferro, em Caitité, na Bahia, da gaveta. A empresa firmou um memorando de intenções com as chinesas China Communication Construction Company (CCCC) e China Railway Group (Crec) para viabilizar um projeto integrado de minério de ferro. O empreendimento inclui mina-ferrovia (Integração Oeste Leste- Fiol) e o Porto Sul, em Ilhéus, apurou o Valor.


O projeto total, de acordo com o presidente da Bamin, Eduardo Ledsham, tem orçamento de US$ 2,6 bilhões, sendo que a previsão é aportar US$ 1 bilhão na mina, US$ 1 bilhão na construção do terminal dedicado para minério de ferro e um pier para carga geral e outros US$ 600 milhões nos 525 quilômetros do trecho da Fiol que vai ligar Caitité, onde fica a mina, a Ilhéus, no sul da Bahia.


Ledsham não quis detalhar o acordo com os sócios, só se limitou a dizer que a companhia está a procura de investidores interessados e com alguns as negociações estão bastante adiantadas.


“Temos conversado com quatro grupos internacionais, entre eles chineses. Queremos investidores comprometidos com o projeto integrado. A participação de cada sócio no projeto vai depender do comprometimento de cada um. É bom ressaltar que seremos o operador”, disse ao Valor o executivo.


Uma fonte próxima das negociações, no entanto, informou que o memorando de entendimentos com CCCC e Crec já foi assinado. O que estaria adiando a formação da sociedade é o valor que os chineses querem aportar no projeto. Ledsham disse que a definição da composição societária do projeto deve sair no segundo semestre. “Há mais de dois anos estamos em negociações e nos últimos tempos avançaram bastante. Estamos próximos da conclusão”, ressaltou o executivo.


A mina Pau de Ferro deverá produzir 20 milhões de toneladas de minério de ferro por ano e só se viabiliza com uma solução logística para escoar esse minério que, pelo projeto, terá como destino a China e países árabes. Segundo Ledsham, a Bamin e o governo da Bahia formaram uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) para a construção do Porto Sul em maio e a previsão é que a operação do terminal comece em 2021. “O projeto integrado vai abrir um corredor de exportação e pode alavancar outras atividades na região, como o agronegócio”, disse o executivo.


O secretário de desenvolvimento da Bahia, João Leão, disse que o porto terá capacidade de movimentação anual de até 28,5 milhões de toneladas de carga, sendo 20 milhões de toneladas de minério de ferro, 7 milhões de toneladas de grãos e 1,5 milhão de toneladas de algodão. “O governo estadual deu poderes à Bamin para firmar o protocolo com os chineses para construção e operação do porto. Aliás, a empresa irá operar tanto o terminal de minério de ferro como o destinado à carga geral. O investimento para o empreendimento já está garantido”, afirmou Leão.


Segundo Ledsham, o acordo para a construção do porto e a possibilidade de a Fiol ser licitada até o final do ano foi o ponta pé inicial. (ver Governo estuda ampliar trecho da Fiol que deve ir a leilão neste ano) “Já temos todas as licenças de operação concedidas, tanto para para a mina como para o porto. O que falta é essa ligação mina-terminal. As notícias que temos é que o trecho da Fiol será licitada em dezembro.”


O projeto da mina se arrasta desde 2009. No início, era controlado pela Ardila Investments, subsidiária da Zamin. Em 2016, o ERG comprou a operação e, desde então, tenta viabilizá-lo. Agora, com a possibilidade da construção do porto e da ferrovia, a expectativa é que a mina entre em operação em 2026 e o primeiro embarque do minério aconteça no segundo semestre do mesmo ano. “Serão 46 meses de construção de todo o complexo. Estamos com todos os estudos prontos e aprovados. Na etapa de construção serão gerados nove mil empregos diretos e 36 mil indiretos. Na fase de operação, serão 1,65 mil postos de trabalhos diretos e oito mil indiretos. Isso contando mina, porto e ferrovia.”


Ledsham acrescentou que o processamento do minério será feito 70% a seco, mas haverá também o beneficiamento úmido e os rejeitos serão depositados em uma barragem que será construída pelo método a jusante. “Temos todas as licenças para essa barragem.”

Fonte: https://www.valor.com.br/empresas/6284693/projeto-integrado-para-mina-na-bahia

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