De segunda a sexta-feira, cerca de 880 mil pessoas circulam pelo metrô do Rio de Janeiro, o que representa um potencial de consumo significativo para quem possui algum tipo de negócio nas estações. De acordo com a concessionária MetrôRio, 40 das 41 estações da cidade ainda têm espaço para receber novas lojas e quiosques, tanto de comércio quanto de serviços, com aluguéis que variam entre R$ 300 e R$ 1.200 (o metro quadrado).
Raquel Abrantes, coordenadora de mercado do Sebrae/RJ, conta que, entre os passageiros que circulam pelas estações todos os dias, estima-se que cerca de 10% vão consumir dentro desses locais.
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– O metrô tem a movimentação a seu favor, porque as pessoas precisam necessariamente passar por ali todos os dias, normalmente para ir ao trabalho. E a ideia é justamente que sejam oferecidos produtos e serviços que sejam fáceis e rápidos – explica.
Outra vantagem, de acordo com Raquel, é o baixo custo de instalação de uma loja ou quiosque nas estações.
– Geralmente, são espaços de baixo investimento, que têm um bom giro. Porém, o lucro também é menor. O retorno do investimento se torna mais lento, mas é garantido – avalia.
Sócio da empresa Santa Malagueta, Haroldo Sant’Anna conta que a facilidade do acesso aos clientes motivou a abertura de lojas nas estações.
– A gente fazia eventos e tinha muitos clientes que trabalhavam no Centro do Rio. Há dez anos, então, decidimos abrir a primeira loja, na estação da Uruguaiana. Hoje, já temos sete lojas, todas no metrô. A última que inauguramos foi no Jardim Oceânico – diz.
A rede de lojas de bolos caseiros Vó Alzira também tem investido em pontos nas estações. Fundada em 2008 pela boleira Alzira Ramos, a Fábrica de Bolos entrou para o sistema de franquias em 2013. E, em junho de 2019, inaugurou o modelo de quiosques, sendo um deles na estação de metrô Carioca, no Centro do Rio.
Segundo Rodrigo Neves, diretor de expansão da rede, a ideia é diversificar para atingir espaços menores, mas com grande fluxo de pessoas.
– Queremos entrar em todas as estações de grande fluxo, e a vantagem é chegar ao cliente em momentos de consumo propícios ao nosso negócio, indo para o trabalho e voltando para casa, por exemplo – explica Neves.
Fidelizar cliente é estratégia para crescer
Para Haroldo Sant’Anna, sócio da Santa Malagueta, encontrar formas de fidelizar os clientes é fundamental para o sucesso do empreendimento no metrô, uma vez que o público que passa pelas estações costuma ser fixo.
– As pessoas passam pelo quiosque todos os dias, o que não quer dizer que vão comprar todas as vezes. Mas, se você souber fidelizar, vão voltar. Além disso, tem clientes que entram na estação só para comprar meus produtos, que são únicos e têm um preço justo – explica.
Segundo ele, outra estratégia para conseguir se destacar entre os concorrentes é apostar em promoções e na atratividade da loja. Sant’Anna lembra que é preciso pensar também no comércio que está fora das estações.
– Se alguém pensa em colocar alguma coisa no metrô hoje tem que ter um diferencial. Até porque, onde estão as estações, há shoppings, comércio de rua. A gente procura manter os produtos mais coloridos na frente para chamar a atenção. Todo dia a gente muda a arrumação do quiosque. E também temos sempre um produto promocional, de R$ 35, que é uma bolsa grande, tipo sacola, que todo mundo precisa – conta o empresário.
Planejamento é primeiro passo para investir
Coordenadora de Mercado do Sebrae/RJ, Raquel Abrantes alerta para a importância de se planejar bem antes de começar qualquer tipo de negócio. No caso do metrô, é importante estudar a concorrência para evitar oferecer os mesmos produtos e avaliar também o perfil do público que circula pela estação onde se deseja abrir a loja.
– Quando o empresário vai montar um negócio, independentemente do que seja, tem que ter planejamento, que é a base de tudo. A primeira coisa que deve fazer é pensar na viabilidade do que vai montar, fazer um plano de negócios. Nele, o empreendedor avalia quanto tem para investir, qual o seu público alvo, qual o melhor tipo de espaço, se será uma loja ou quiosque, por exemplo – afirma.
De acordo com a concessionária MetrôRio, não há restrições de negócios nas estações. Porém, segundo Raquel Abrantes, do Sebrae, é preciso identificar se o produto ou o serviço que se pretende oferecer faz sentido no contexto do metrô, em que o ritmo das pessoas normalmente é mais acelerado, e a busca é, principalmente, pela conveniência e pela praticidade.
– O mapa da mina é ter um mix de produtos para consumo rápido. Quanto mais diversificado, melhor. Uma papelaria, por exemplo, com máquina de fotocópia, poderia ser interessante para quem está com pressa e precisa fazer cópias de documentos antes de ir ao cartório ou ao banco. Ao mesmo tempo, vende artigos que todos precisam sempre – diz.
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