As mudanças operacionais anunciadas pela SuperVia nos ramais de Japeri, Deodoro, Santa Cruz e Belford Roxo foram suspensas, nesta terça-feira, pelo Conselho da Agetransp. Agora, a concessionária terá que apresentar um estudo de impacto que as alterações podem provocar na operação dos ramais, como a redução na oferta de trens, maior duração no tempo das viagens e a qualidade do conforto dos passageiros.
Conforme o contrato da concessão, a concessionária informou à Agetransp sobre alteração na operação com antecedência mínima de 30 dias. Desde que foi informada, a agência iniciou o estudo técnico para avaliar o impacto e observar se estão sendo cumpridas todas as cláusulas do contrato de concessão.
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As mudanças estavam previstas para ocorrer no dia 1º de outubro, no período da noite e somente nos dias úteis. Com ela, os trens dos ramais de Japeri e Santa Cruz iriam começar a funcionar como paradores no ramal de Deodoro uma hora mais cedo, por volta das 20h, encerrando as atividades dos trens do próprio ramal.
Em Belford Roxo, os passageiros passariam a ser atendidos pelos trens “semiexpressos” e paradores. No primeiro modo de operação, os trens não realizariam paradas somente nas estações de Vila Rosali, Del Castilho e Jacarezinho, enquanto os paradores fariam paradas em todas as estações do ramal.
A SuperVia garantiu que não faria alterações nos intervalos de trens nem na quantidade de lugares disponibilizados pela concessionária em cada viagem. No entanto, a medida foi vista com maus olhos pelos passageiros, que tinham preocupação com o aumento da duração da viagem e a superlotação dos trens.
É o caso de Matheus Gonçalves, publicitário de 24 anos, que costuma usar o trem para ir e voltar do trabalho. Usuário do ramal Japeri (estação de queimados x Central do Brasil), ele acredita que a alteração infuenciaria no conforto da viagem.
– Se fosse mais cedo eu acho que seria intragável porque a situação já é muito caótica. Nesse horário a mudança é humanamente possível, mas vai influenciar no conforto da viagem. Quando o trem vira parador costuma ficar mais cheio
Quando ainda fazia faculdade, Matheus só pegava o trem caso ainda não estivesse funcionando como parador. As suas outras opções eram o ônibus e a van. Mas essa não é a realidade de Gabriel, um botânico de 24 anos, que continua tendo a SuperVia como a sua opção mais rápida de deslocamento em qualquer situação. Segundo ele, o funcionamento do trem como parador significa um aumento de 20 minutos ou mais no seu deslocamento.
– Eu acho que vai ser bem ruim, é um horário de retorno para casa, todos estão cansados, e antecipar o horário do funcionamento do parador prejudica porque além de demorar mais, tem muita chance de superlotação. Os trens costumam a ter intervalos irregulares também, isso dificulta mais ainda, vira uma bola de neve.
Juliana Mentvingen é estudante e costuma usar o ramal de Santa Cruz para os seus deslocamentos diários. Na volta para casa, ela pega o trem na Central do Brasil, e observa que há sim um acúmulo de passageiros ao longo do seu deslocamento até Realengo enquanto os trens funcionam como parador. Além disso, ela também afirma que há sim um aumento nos intervalos dos trens.
– Eles demoram muito para sair da Central, as estações vão ficando mais cheias e, consequentemente, os trens também. Além de o parador aumentar o tempo de deslocamento, os intervalos ficam muito maiores. E eu não sabia dessa mudança! Pego o trem todo dia pra ir e voltar do trabalho e não estou sabendo de nada.
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