Estado precisa deixar infraestrutura, diz ING

A presença remanescente do Estado em infraestrutura ainda impede que o Brasil tenha o modelo ideal de financiamento do setor, afirmou João Carneiro, chefe de financiamento de infraestrutura e energia do ING. Para o executivo, além da redução do BNDES, deveria haver também um recuo do Banco do Nordeste (BNB) e a eliminação do benefício para pessoas físicas nas debêntures incentivadas.

“Se o governo saísse do setor, a gente veria rapidamente o que se vê em outros países: na construção, investidores muito qualificados para assumir esse risco, como bancos. Depois, quando o projeto está maduro, aí sim é hora de ir para o mercado de capitais”, disse.

Segundo Carneiro, a isenção de Imposto de Renda para pessoa física nas debêntures incentivadas gera distorções, porque esse público muitas vezes não entende os riscos que está correndo.

Para Gabriel Esteca, gestor da Santander Asset Management, a questão dos incentivos tributários é um desafio, mas é preciso que a transição para um modelo com melhor alocação de risco seja “suave”. As pessoas físicas, destacou, tiveram papel relevante no desenvolvimento das debêntures de infraestrutura – instrumento que ajudou a dissipar o temor de que faltariam recursos ao setor à medida que o BNDES reduzisse sua atuação. A queda da Selic também foi fundamental. Dos R$ 65 bilhões em títulos emitidos desde 2011, quando foi aprovada a lei que os criou, R$ 35 bilhões foram colocadas nos últimos 18 meses.

Apesar de o mercado de capitais ter se tornado competitivo, o Banco da Amazônia (Basa) e o BNB ainda são as opções mais baratas para financiar projetos no Norte e no Nordeste, destacou Camila Abel, diretora de finanças e riscos da AES Tietê. “Quando você está na região, é sua primeira opção”, disse.

Fonte: https://valor.globo.com/financas/noticia/2019/09/25/estado-precisa-deixar-infraestrutura-diz-ing.ghtml

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