A International Finance Corporation (IFC), braço de investimentos do Banco Mundial no setor privado, investiu um valor recorde no Brasil no ano fiscal encerrado em 30 de junho. Foram US$ 2,5 bilhões entre recursos próprios e de terceiros, destinados principalmente a projetos de infraestrutura.
“Os números são importantes porque não foi um ano tão óbvio no país, com eleições e baixo crescimento”, afirma Hector Gomez Ang, chefe da IFC no Brasil.
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O ritmo de investimentos deve se manter próximo disso ou até aumentar nos próximos anos, a depender das reformas e de ajustes setoriais. O planejamento da agência para o período que vai da metade de 2019 a junho de 2023 prevê aportes de pelo menos US$ 9,2 bilhões, com a possibilidade de chegar a US$ 16 bilhões.
Além de financiamentos a infraestrutura, parcerias público-privadas em setores como educação e saúde e projetos em áreas como saneamento, resíduos sólidos, inclusão financeira e mobilidade urbana estão no radar da IFC. “Se começar a haver mais abertura para o setor privado nesses setores, os investimentos serão maiores”, diz Gómez, que em breve vai deixar o país e assumir o comando da agência em Angola, Moçambique, Botswana e Zâmbia.
Há pouco mais de cinco anos no Brasil, Gómez ressalta que o país está saindo de um modelo baseado no BNDES para outro, mais aberto, em que bancos, mercado de capitais e agências multilaterais devem ocupar espaços relevantes.
As iniciativas da IFC têm como objetivo mobilizar capital privado para ajudar a desenvolver mercados em países emergentes. As frentes de atuação no Brasil vão desde o financiamento a projetos até a criação de modelos de negócios para refugiados.
Outro foco da IFC tem sido a assessoria a governos, geralmente em programas de privatização. A agência trabalhou na concessão de rodovias de São Paulo, do Paraná e atua no PPI de estradas federais, além de parcerias público-privadas para construção de escolas em Belo Horizonte e no Rio.
Dos US$ 2,5 bilhões alocados no país no último ano fiscal, apenas US$ 700 milhões são capital próprio da agência. O restante veio de investidores atraídos pela IFC. A fatia de terceiros ficou bem acima do patamar histórico de 50%. O objetivo é que a participação de terceiros fique na proporção de dois para um.
Segundo Gómez, os investidores estão à espera de maior clareza sobre a economia, o que vai definir quanto vão direcionar ao país nos próximos anos. “A sinalização principal vai ser a aprovação final da reforma da Previdência, e o que virá depois dela”, afirma.
Outro fator importante é a definição do marco regulatório de saneamento, um dos setores mais precários no país e com maior potencial de desenvolvimento.
A expectativa de Gómez é que, com uma definição nesses fatores, a IFC consiga atrair mais recursos de investidores institucionais, como fundos e seguradoras. Hoje, uma parcela significativa dos recursos de terceiros vem do investimento de bancos.
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