A Vale mantém o objetivo de alcançar produção de 400 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, mas não há prazo definido para atingir essa marca. Atingir a meta será questão de tempo, disse ontem o diretor-executivo de finanças da empresa, Luciano Siani.
Antes da tragédia de Brumadinho, em janeiro, a Vale esperava atingir esse volume de produção ainda neste ano, mas o número foi abandonado depois do rompimento da barragem da mina de Córrego de Feijão e seus desdobramentos. A empresa passou a trabalhar com uma meta de vendas de minério de ferro e pelotas, que situa-se entre 307 milhões e 332 milhões de toneladas para 2019.
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“Isso [atingir produção anual de 400 milhões de toneladas] levará um tempo, mas é só questão de tempo”, disse Siani, no evento FT Commodities Americas Summit 2019, no Rio. Ele afirmou que a meta poderá ser atingida depois que todas as barragens e minas retomarem a operação, dentro de novas exigências e padrões de segurança. O executivo também comentou que o desejo da companhia é que, em três anos, as suas operações sejam normalizadas.
Em encontro com investidores no fim de 2018, a Vale indicou que trabalhava com previsão de produzir cerca de 400 milhões de toneladas neste ano. Tudo mudou depois de Brumadinho, com a mineradora revendo suas projeções, e passando a trabalhar com metas públicas de vendas. No segundo trimestre de 2019, a companhia reafirmou que as vendas de minério de ferro e pelotas devem situar-se no “centro da faixa” entre 307 milhões e 332 milhões de toneladas neste ano.
Siani disse ainda que existe uma tendência de queda na demanda chinesa por minério de ferro nos próximos anos. A tendência geral de demanda é de estável para descenso, disse Siani: “Eles [chineses] vão reduzir intensidade [da demanda] em algum momento e utilizar mais sucata.”
O diretor disse que o pico de demanda chinesa era esperado inicialmente para 2015, mas que “eles [chineses] já estão surpreendendo” positivamente a indústria há alguns anos. Siani acrescentou que a demanda chinesa está alta e que, independentemente dos desdobramentos de Brumadinho sobre a produção, o viés dos preços no mercado neste ano já seria de alta. “Não é possível dizer que a Vale está ganhando mais dinheiro com Brumadinho”, observou.
O executivo reafirmou que a mineradora vai continuar priorizando a mitigação e a compensação à sociedade pelo rompimento da barragem de Brumadinho, em detrimento da distribuição de dividendos. “[Pagar dividendos] não é a prioridade. Temos que focar em mitigação e compensação.” Siani aproveitou para falar das principais ações e medidas de governança adotadas pela Vale depois da tragédia ocorrida em janeiro. A companhia quer ampliar o fator de segurança de suas barragens.
Siani disse também que um conjunto de especialistas está trabalhando nas investigações científicas sobre o rompimento da barragem. Ontem, no fim do dia, a Vale informou que obteve decisão favorável de um tribunal inglês para prosseguir com a execução da sentença arbitral de US$ 2 bilhões, obtida contra a BSG Resources Limited (BSGR), na Inglaterra. A sentença arbitral se relaciona ao projeto de minério de ferro de Simandou, na Guiné, na África.
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