Considerado pela gestão do governador João Doria como alternativa bem mais barata e com eficiência semelhante à proposta do monotrilho da linha 18-Bronze, o projeto do BRT do ABC pode receber R$ 500 mil no próximo ano.
É que propõe uma emenda ao projeto de lei orçamentária do Estado de autoria do deputado Luiz Fernando Ferreira, do PT de São Bernardo do Campo.
Na justificativa, o parlamentar classificou como ínfima a previsão orçamentária para o sistema de transportes
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Como mostrou o Diário do Transporte, pela proposta de Orçamento da gestão Doria, a SMT – Secretaria de Transportes Metropolitanos, responsável pelo Metrô, CPTM, EMTU e Corredor ABD, deve contar no ano que vem com R$ 8,45 bilhões para cobrir custos e investimentos. Para este ano, foram reservados R$ 9,46 bilhões. A redução é de 10,5%
Na área de transportes, a gestão Joao Doria prevê valores menores para 2020 que o previsto para 2019:
STM – Secretaria de Transportes Metropolitanos:
2020 – R$ 8,84 bilhões (R$ 8.845.866.473,00)
2019 – R$ 9,46 bilhões (R$ 9.469.690.824,00)
Redução de 10,5%
CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos:
2020 – R$ 3,37 bilhões (R$ 3.377.864.7490,00)
2019 – R$ 3,4 bilhões (3.414.306.705,00)
Redução de 0,9%
Metrô – Companhia do Metropolitano de São Paulo:
2020: R$ 1,87 bilhão (R$ 1.877.966.762,00)
2019: R$ 2,05 bilhões (2.058.007.170,00)
Redução de 8,8%
EMTU – Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos:
2020: R$ 225,71 milhões (R$ 225.712.623,00)
2019: R$ 374,06 milhões (R$ 374.060.000,00)
Redução de 39,6%
Para o BRT do ABC, foi reservado um valor simbólico de R$ 10.
A expectativa do Governo do Estado é de que a maior parte do custeio do BRT seja pela iniciativa privada.
Como já mostrou a reportagem, o secretário dos Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy, disse a prefeitos do ABC no dia 12 de setembro que as obras começam no primeiro semestre de 2020, com previsão de entrega em aproximadamente dois anos depois, ou seja, no primeiro semestre de 2022. O modal foi escolhido para substituir o monotrilho da linha 18 que, segundo o Governo do Estado, teria um alto custo para uma demanda limitada.
As intervenções do trânsito no sistema de ônibus são preocupações dos prefeitos já que podem diminuir a velocidade comercial e a capacidade do modal. “O BRT por si só não pode ter intervenções semafóricas. Não pode haver interrupções de trânsito locais. O BRT tem suas regras e caso não sejam adotadas em sua plenitude, ele não é um BRT, não atenderia os requisitos essenciais para que possa ser denominado BRT. Neste caso, no BRT ABC, serão sim seguidas todas as normas para ser denominado BRT”- disse o secretário da gestão João Doria.
Baldy comentou ainda que pode haver a construção de viadutos em cruzamentos.
Entre as características básicas do BRT estão:
– Preferência aos ônibus em cruzamentos
– Exclusividade total nas vias
– Pavimento de concreto em vez de asfalto
– Estações em vez de pontos e paradas comuns.
– Acessibilidade com embarque e desembarque no nível do assoalho dos ônibus em plataformas elevadas, ou guias mais altas para ônibus de piso baixo.
– Pré-embarque, que é o pagamento da passagem estação, antes do embarque nos ônibus.
– Uso de ônibus de maior capacidade, como articulados e biarticulados.
– Pontos de ultrapassagem entre os ônibus para a implantação de linhas expressas, semi-expressas e paradoras.
O secretário Alexandre Baldy disse também que para o BRT foram feitas alterações no projeto em relação ao que estava previsto em julho, quando o governador João Doria anunciou a desistência pelo monotrilho. O custo estimado agora é de R$ 860 milhões, mas o projeto completo só deve ser apresentado pelo Governo do Estado em dezembro.
“Já houve alterações naquela que foi apresentação inicial, incluindo algumas estações para que o destino não seja somente a estação Tamanduateí e sim o Terminal Sacomã para que possa integrar, interligando com o Expresso Tiradentes. Vamos aperfeiçoando, discutindo aqui, inclusive com os prefeitos, os desafios e dificuldades deste modelo, desta modelagem, para que a gente consiga sim até o final do ano estabelecer este projeto para que ele seja o melhor possível. Aí, para o ano de 2020, o investimento hoje, com estas inclusões que foram feitas já na modelagem, o investimento previsto é de uma estimativa de R$ 860 milhões. A nossa expectativa desejada é que a obra seja iniciada no primeiro semestre de 2020”
A possibilidade de o BRT alternativo à linha 18 de monotrilho ir até o Terminal Sacomã foi noticiada por portais de mobilidade, entre os quais, o Diário do Transporte em 29 de março de 2019.
Tratou-se de uma apresentação de investimentos atribuída à STM – Secretaria dos Transportes Metropolitanos, que também continha planos para a CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos e Metrô. Na ocasião, a STM disse não reconhecer o documento, mas a maior parte de seu conteúdo está sendo confirmada em apresentações oficiais.
O presidente do Consórcio Intermunicipal do ABC, o prefeito de Santo André, Paulo Serra, disse que somente um sistema de BRT pode sair tão rapidamente do papel, não havendo outras alternativas para aliar rapidez de execução e baixo custo.
“Com relação à linha 18, é uma solução possível de ser aplicada, uma solução que pode sair do papel. Nenhuma outra alternativa pode atender aos anseios da nossa região com o início das obras no primeiro semestre de 2020. Essa é uma alternativa possível . É uma alternativa que sai do papel de forma rápida e que está sendo estudada muito a fundo tecnicamente.” – disse o prefeito de Santo André, na ocasião.
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