A trading chinesa Cofco, a brasileira Amaggi e a Raízen, joint-venture entre Shell e Cosan, avaliam construir unidades de etanol de milho no Brasil, disseram à Reuters quatro pessoas familiarizadas com o assunto. O interesse reforça o bom momento do biocombustível no país, maior produtor global de etanol de cana.
O impacto nos mercados de commodities pode ser abrangente, já que as novas usinas deverão disputar mercado com o etanol dos EUA no Norte e no Nordeste do Brasil. Além disso, as exportações brasileiras de milho, que quadruplicaram nos últimos anos, podem ser afetadas pela maior demanda interna.
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Já há no país oito fábricas que convertem o grão no biocombustível, além de outras seis em construção e pelo menos sete em fase de projeto. Embora algumas usinas sucroalcooleiras tradicionais tenham respondido à tendência com ceticismo, algumas desenvolveram projetos flex, usando tanto milho quanto cana como matéria-prima, a depender da época do no, com benefícios financeiros e ambientais.
As novas usinas de etanol também visam um uso mais lucrativo da produção de milho do Brasil, que aumentou conforme os agricultores aprenderam a gerar uma safra de soja e outra do cereal nos mesmos campos em um único ano.
Na semana passada, os preços do etanol atingiram recorde nominal nas usinas de São Paulo, superando os R$ 2 por litro pela primeira vez na história (na usina, antes de impostos), e o novo programa federal de estímulo ao mercado de biocombustíveis, o RenovaBio, entrará em vigor no fim do mês.
É nesse contexto que um engenheiro que trabalha para a Cofco em uma grande fábrica de etanol de milho em Zhaodong, na China, com capacidade produtiva de 1,2 bilhão de litros por ano, disse que a trading, que já opera quatro usinas de açúcar e de etanol de cana no Brasil, está analisando o cenário do etanol de milho em Mato Grosso. Outra fonte disse que a diretoria da gigante chinesa quer construir uma fábrica de etanol de milho perto da processadora de soja que mantém em Rondonópolis (MT).
Essa instalação da Cofco tem acesso a ferrovia, que poderia servir no futuro para levar o combustível ao Sudeste, maior mercado consumidor do Brasil. Infelizmente, ainda não podemos comentar nenhuma iniciativa, disse um porta-voz da Cofco quando questionado.
A Raízen também mantém conversas com fornecedores de equipamentos para avaliar um investimento, segundo uma fonte. Encontramos com eles quatro vezes, mas eles ainda não se decidiram, afirmou Peter McGenity, diretor de vendas da construtora de plantas de etanol americana Lucas E3.
Inicialmente, a Raízen negou ter planos para a produzir etanol de milho no Brasil. Quando questionado sobre as reuniões com os fornecedores, no entanto, um representante da empresa disse que a empresa está alinhada às tendências do mercado para investimentos em energia renovável que atendam às necessidades ambientais de longo prazo.
Uma outra fonte, que trabalha para uma empresa europeia que oferece serviços de engenharia para unidades de processamento de grãos, disse que a Amaggi também está trabalhando em um projeto de etanol de milho. Maior trading brasileira de grãos, com três plantas de processamento de soja, a Amaggi disse que não pode fazer comentários no momento sobre um possível projeto em etanol de milho.
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