Até 2038, as linhas 5-Lilás e futura 17-Ouro, do Metrô de São Paulo, deverão receber R$ 3 bilhões em investimentos da ViaMobilidade. O valor está previsto no contrato assinado entre a concessionária e o governo do estado em agosto de 2018, para a aplicação no prazo de concessão (20 anos), em eventuais obras de modernização e adequação de estações, conservação, operação e manutenção das linhas. Enquanto não assume a Linha 17-Ouro, a ViaMobilidade investe parte desses recursos em projetos na Linha 5-Lilás, de olho no potencial deste trecho (Capão Redondo a Chácara Klabin), de 17 estações e 20 km. Em pouco mais de um ano de operação privada, o número de passageiros quase dobrou na linha: de 320 mil/dia em agosto de 2018, hoje a média está em 600 mil/dia.
A companhia colocou em prática dois projetos: a melhoria de acesso na estação Capão Redondo, uma das pontas da Linha 5-Lilás, cujas obras iniciaram-se em agosto último e foram finalizadas no fim de outubro; e a readequação da estação Santo Amaro, que faz integração com a Linha 9-Esmeralda, da CPTM. O projeto executivo para a estação Santo Amaro está sendo elaborado pela ViaMobilidade, para posterior aprovação do governo do estado e início das obras pela concessionária. Os custos não foram divulgados pela empresa.
Construída no ano 2000, a estação Capão Redondo – uma das primeiras a serem inauguradas na Linha 5-Lilás – deve aumentar em 40% o fluxo de passageiros vindos da rua. Hoje a estação recebe cerca de 100 mil passageiros em dias úteis, sendo uma das mais movimentadas da linha. As obras contemplaram a ampliação da área de acesso à estação (em 63%), o aumento do número de catracas (em 40% e um acesso exclusivo para o terminal de ônibus.
Francisco Pierrini, presidente da ViaQuatro e da ViaMobilidade, explica que o projeto de readequação em Capão Redondo não estava previamente acordado no contrato de concessão. A solução foi proposta pela própria concessionária ao governo este ano.
Já os investimentos na estação Santo Amaro foram assumidos pela ViaMobilidade no contrato. O acordo estabelece que as obras comecem em até 18 meses após o início da operação privada (agosto de 2018) – ou seja, fevereiro de 2020. A conclusão deve se dar em 24 meses. A ideia é que a estação possa receber um fluxo maior de pessoas. Atualmente, são 98,3 mil passageiros/dia na estação que faz integração com a Linha 9-Esmeralda.
Estão previstas as seguintes adequações: alargamento das plataformas e da passarela de integração com a estação da CPTM; e acréscimo do número de escadas rolantes e elevadores;
Entregas previstas
O trecho entre Capão Redondo e Chácara Klabin foi a menina dos olhos dos interessados no leilão realizado em janeiro de 2018. Estima-se que a Linha 5-Lilás possa atingir 900 mil passageiros/dia transportados nos próximos anos.
A linha vem recebendo melhorias tanto por via privada quanto pública. É do governo do estado, por exemplo, os recursos para a instalação de portas-plataforma em todas as estações, que começou a ser feita pela Bombardier esse ano. O prazo de conclusão desse projeto é 2021. Das 17 estações do sistema, em apenas três a porta-plataforma está instalada até o momento: Santa Cruz, Brooklin e Adolfo Pinheiro. Outro projeto sob responsabilidade do governo é a implementação do sistema de sinalização CBTC (Communications-Based Train Control) nos oito trens da Alstom que compõem a Frota F, que até março de 2017 operavam na Linha 5-Lilás.
As composições saíram de circulação para que fossem modernizadas pela Bombardier, mas até agora não voltaram à ativa. A expectativa é que os trens voltem a operar até o fim deste ano. Hoje a Linha 5-Lilás opera com os 26 trens da Frota P, todos da CAF e com sistema CBTC.
Segundo Pierrini, os 26 trens da Frota P atendem bem os 600 mil passageiros hoje transportados na linha. Ele destaca que o headway também vem sendo reduzido, de 210 segundos em agosto de 2018 para atuais 172 segundos. Quando a Frota F voltar à operação, o total de 34 trens será suficiente para suportar o aumento do número de passageiros previsto: Não há necessidade, por enquanto, de novos trens para a linha, afirma o executivo.
Até o fim deste ano, o Metrô de São Paulo deve finalizar as obras no pátio Guido Caloi e entregá-lo à ViaMobilidade. O espaço vai abrigar as oficinas de manutenção e de material rodante, sistemas eletromecânicos e áreas administrativas da Linha 5-Lilás. O pátio fica próximo à estação Santo Amaro e vai ajudar a desafogar o pátio de Capão Redondo, onde toda a operação da Linha 5-Lilás está estruturada hoje.
Experiência
Francisco Pierrini trabalhou por mais de 30 anos na CPTM, onde chegou a ser gerente geral de Operações. Saiu da companhia para integrar o time da CCR. Em 2013, foi transferido para o Rio, para gerenciar a CCR Barcas. Na volta a São Paulo, tornou-se diretor de Unidade da ViaMobilidade. Com a ida de Luís Valença para diretoria da CCR Mobilidade, Pierrini assumiu a presidência das duas concessionárias metroferroviárias do grupo: ViaMobilidade (linhas 5-Lilás, 17-Ouro e 15-Prata, cujo contrato ainda não foi assinado com o governo) e a ViaQuatro (Linha 4-Amarela do Metrô SP). Essa última, na opinião do executivo, é motivo de orgulho para o grupo. É um exemplo de sucesso a ser seguido. Foi nosso carro-chefe em termos de tecnologia e operação metroferroviária. Nos ensinou bastante.
A Linha 4-Amarela foi a primeira do Brasil a operar sem condutor (driverless) – hoje, além dela, existe o monotrilho da Linha 15-Prata, que começou a rodar em 2014. A Linha 4 transporta 850 mil passageiros por dia, em 10 estações (todas com portas-plataforma). A empresa aguarda a conclusão (prevista para dezembro de 2020) do pátio/ estação/terminal de ônibus de Vila Sônia – obra sob responsabilidade do governo do estado. Com a operação em Vila Sônia (última estação prevista no projeto inicial da linha), a expectativa é que o número de usuários chegue a 1 milhão/dia.
A frota da ViaQuatro é composta por 29 trens da Hyundai-Rotem. Segundo Pierrini, o número de composições é capaz de atender ao aumento previsto de passageiros após inauguração de Vila Sônia. Não há necessidade de aumentar a frota no curto prazo. O intervalo entre trens na Linha 4-Amarela, que também opera com CBTC, é de 92 segundos – um dos menores do Metrô de São Paulo.
Temos um índice de aceitação dos clientes de 93%. Isso mostra que estamos no caminho certo em relação à qualidade e ao atendimento. Na Linha 5-Lilás, o índice, de acordo com a mais recente pesquisa de satisfação da ViaMobilidade, está em 85%. Vem crescendo, destaca o executivo, que não descarta a possibilidade de também operar com driverless na Linha 5-Lilás. Estamos no primeiro ano de concessão. Ainda estamos avaliando, sabendo que antes precisamos consolidar a operação.
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