Projeto Brasil

EDUARDO LAFRAIA
Presidente do Instituto de Engenharia

O Brasil já tomou um novo rumo: o do crescimento por meio da conquista de mercados externos para os seus produtos competitivos. Esse rumo é liderado pelo agronegócio, com a missão de garantir a segurança alimentar de uma população mundial já próxima de 8 bilhões de pessoas.

É um caminho difícil, cheio de buracos e obstáculos. Um deles é a logística de escoamento dos produtos. O sistema logístico brasileiro foi desenvolvido para atender à integração nacional, dentro do modelo de desenvolvimento econômico sustentado pelas demandas do mercado interno, tanto consumo, como investimento.

Esse modelo econômico gerou graves distorções no sistema logístico, com o abandono parcial das ferrovias e a ampliação desmesurada das rodovias, para atender a um mercado disperso no imenso território brasileiro.

Com a tendência de maior integração mundial, é preciso adequar o sistema logístico para sustentar a competitividade dos produtos. Os mais requeridos pelo mercado mundial, são do agronegócio, cuja expansão produtiva vem ocorrendo nas regiões centrais do País, evoluindo em direção ao Norte, e que enfrentam a carência de infraestrutura logística.

O Instituto de Engenharia vem desenvolvendo propostas para viabilizar esse novo rumo do País, como uma das bases do Projeto Brasil. A primeira é de maior agregação de valor às matérias-primas da agropecuária-florestal, seja pela sua industrialização, como pela agregação de serviços. O principal serviço que agrega custos e valores às matérias-primas é o de transportes e armazenagem.

Outra é de um sistema logístico mais adequado à nova conformação econômica e territorial do Brasil: associado ao agronegócio. O sistema logístico precisa ser pensado como um sistema integrado e multimodal e deverá ser estruturado em torno de eixos de grande capacidade de transporte e o que mais se ajusta a essa condição é o ferroviário.

Esse eixo deve ser alimentado por outros modos de transporte, com a criação nos pontos de conexão de plataformas de armazenamento e transferência, assim como de polos de processamento dos produtos. O principal eixo do agronegócio deverá ser o sistema ferroviário Norte-Sul e Malha Paulista, com duas saídas portuárias: São Luís, no Nordeste, e Santos, no Sudeste. Esse eixo deverá ser alimentado por três outras ferrovias: uma ferrovia entre Eliseu Martins, (Piauí), à Ferrovia Norte-Sul, na altura de Estreito, no Maranhão, podendo ser interligada à Ferrovia Transnordestina; a Fiol, na ligação entre São Desiderio, na Bahia, à FNS, na altura de Figueirópolis, em Tocantins, e a FICO, entre Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso, e Campinorte, em Goiás.

Esses eixos deverão se alimentados por ferrovias short-lines ou rodovias. Outro eixo, cruzando a floresta amazônica, deverá combinar a ferrovia com a hidrovia. Um primeiro trecho ligando Sinop, no Mato Grosso, a Miritituba, no Pará, será ferroviário, com a implantação do Ferrogrão. De Miritituba até Barcarena será hidroviária, por meio dos rios Tapajós e Amazonas.

Há várias outras propostas. O importante é que os projetos já definidos sejam implantados e novos sejam formulados para manter a competitividade dos produtos do agronegócio e deem sustentação a um crescimento sustentável do Brasil

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