A análise dos efeitos da epidemia de Síndrome Respiratória Aguda Severa (Sars, na sigla em inglês) em 2003 não mostra impacto claro nos preços das commodities. As ações de companhias expostas a esses produtos foram penalizadas nos seis primeiros meses daquele ano, mas tiveram rápida recuperação no segundo semestre, indica o Itaú BBA.
Diante do efeito potencial do coronavírus, que chegou a 5.997 casos na China, e da reação negativa dos papéis de companhias cobertas pelo banco, os analistas Daniel Sasson, Ricardo Monegaglia e Edgard Pinto de Souza decidiram investigar o que aconteceu naquela ocasião, para tentar tratar um paralelo com a crise atual.
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A conclusão, a partir desse olhar para o passado, é a de que não há razão para pânico entre os investidores.
“Embora a volatilidade acima da média possa ser o normal até que haja mais visibilidade sobre a evolução do coronavírus, a experiência do Sars indica que as ações recuperaram seu valor menos de seis meses após a estabilização da proliferação do vírus”, escreveram os analistas, em relatório.
Em 2003, indica o estudo, as siderúrgicas brasileiras acabaram superando o desempenho do Ibovespa em 73%. Ao mesmo tempo, mineradoras e produtores de celulose tiveram performance 34% e 10% inferior à do índice no primeiro semestre daquele ano, mas mais do que anularam o desempenho negativo em termos absolutos no segundo semestre, com ganhos 26% e 10% acima do Ibovespa, respectivamente.
Minério de ferro e cobre são as commodities mais expostas ao mercado chinês, lembram os analistas, acrescentando que cerca de 48% e 31%, respectivamente, do resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) da Vale e da CSN estão relacionados ao país asiático.
“Durante os meses de pico da epidemia de Sars, a produção de aço bruto e as importações de cobre na China cresceram a uma média anual de 22% e 53%, respectivamente, indicando que não há um impacto claro no mercado físico”, escreveram.
Os preços do cobre, por sua vez, recuaram 11% entre fevereiro e abril de 2003 por causa do sentimento negativo no mercado, mas retornaram aos níveis anteriores já no fim de maio do mesmo ano.
Ao mesmo tempo, o país asiático é o principal motor de crescimento da demanda global de celulose, com peso de 43% no Ebitda da Suzano e de 15% no da Klabin. Durante a crise de Sars, conforme relatório dos analistas, o impacto também foi limitado nos mercados físicos e os preços da celulose de fibra curta e de fibra longa mantiveram-se em tendência de alta, na esteira do crescimento de 18% da produção chinesa de papel.
“Contudo, dado que se espera que a China impulsione o crescimento estimado para o setor até 2023, uma revisão negativa das taxas de expansão da demanda por celulose podem adiar a tão esperada recuperação dos preços”, ponderaram os analistas.
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