Alstom acerta memorando para compra da unidade de trens da Bombardier

A Alstom informou ontem que assinou um memorando de entendimentos para a compra da unidade de transporte ferroviário da canadense Bombardier. O negócio deve ser fechado entre ? 5,8 bilhões e ? 6,2 bilhões.

“A compra deve melhorar nosso alcance global e nossa capacidade de atender uma demanda crescente por meios de transporte mais sustentáveis”, informou a Alstom em comunicado.

A aquisição será paga com recursos em caixa e com a emissão de novas ações. A expectativa é que a transação gere sinergias de ? 400 milhões em um período de quatro a cinco anos. O acordo deve ser concluído na primeira metade de 2021, conforme a Alstom.

As negociações entre as duas empresas acontecem quase um ano depois que as autoridades reguladoras da concorrência da União Europeia bloquearam uma fusão semelhante no setor ferroviário entre a Alstom e a Siemens, da Alemanha, por causa do receio de que isso pudesse aumentar os custos de sinalização ferroviária e dos trens de alta velocidade da próxima geração.

As autoridades antitruste da União Europeia também rejeitaram a avaliação de que uma união era necessária se a Europa quisesse ter condições de competir com os rivais estatais da China.

A discutida fusão entre a Siemens e a Alstom fora apresentada como uma oportunidade para construir “um novo campeão europeu no setor ferroviário a longo prazo”, com potencial para enfrentar a CRRC da China, a maior fabricante de trens do mundo – algo que a Alstom busca fazer por meio de escala, com essa proposição à Bombardier.

A CRRC é responsável por dois terços de todas as linhas de trem rápido do mundo e na semana passada se associou à construção da problemática ferrovia de alta velocidade do Reino Unido, a HS2.

Para analistas ouvidos pelo Financial Times, a transação entre a Alstom e a Bombardier também deve enfrentar uma fiscalização minuciosa por parte das agências antitruste, embora provavelmente menos problemática.

“No geral, a Bombardier Transportation e a Alstom geram cerca de 60% a 65% de suas receitas na Europa. No entanto, há sobreposições potencialmente limitadas (…) entre elas nos mercados de material circulante e de sinalização, que foram o principal ponto de disputa relacionado ao veto da fusão proposta entre a Alstom e a Siemens Mobility”, disseram analistas do UBS, segundo o jornal Financial Times.

As ações da Bombardier, que tem sede em Montreal, caíram 34% no ano passado, incluindo janeiro, quando ela cortou diretrizes, destacou problemas continuados com sua unidade de trens e informou que atrasaria a entrega de várias unidades de seu avião Global 7500.

Em 2018, a Bombardier vendeu uma participação controladora do projeto de 50,01% para a Airbus, na tentativa de reduzir sua dívida, como parte da estratégia de virada em cinco anos do executivo-chefe Alain Bellemare, lançada em 2015. Se for concluída, a transação continuaria a reduzir a dívida da Bombardier, próxima de US$ 9 bilhões.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/02/18/alstom-acerta-memorando-para-compra-da-unidade-de-trens-da-bombardier.ghtml

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