A analista comercial, Claudia Lins, 26, utiliza o transporte público diariamente para ir até o seu trabalho, no bairro Chácara Santo Antonio, na zona sul de São Paulo. O que era simples rotina virou uma angustiante jornada devido ao coronavírus.
“Muito preocupante. As autoridades pedem prevenção, evitar aglomerações, não sair de casa. Porém a grande maioria é obrigada a ir trabalhar. Não temos o privilégio de ficar em casa. Corremos muitos riscos, inclusive já encontrei gente com sinais de estar doente dentro do ônibus, espirrando, tossindo, o ar condicionado não funcionando e ônibus muitos cheios. Claudia Lins, analista comercial.
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Por conta do avanço da covid-19, doença provocada pelo vírus, a recomendação dos médicos e Secretaria da Saúde de São Paulo é, entre outras ações, evitar aglomerações e isso inclui o transporte coletivo, sobretudo os mais lotados.
Em entrevista agora à tarde, o médico David Uip, coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus/SP, afirmou que, por ora, as medidas adotadas pelo governo do estado são suficientes, e não há recomendação de redução de frotas de ônibus ou trens.
A partir de hoje, a circulação de pessoas nos coletivos da capital paulista deve ter uma “redução sensível”, por conta do fechamento de museus, teatros, bibliotecas, centro de idosos e trabalho remoto (em casa) adotado por empresas.
O estado tem 152 casos confirmados de coronavírus até o momento, segundo o Ministério da Saúde.
Ônibus cheios, trem lotado, sem lugar até para segurar. Hoje uma mulher tossiu em cima de mim. Pobre sofre”, disse a assistente financeira Cassia Floro, 21, ao UOL.
Ela sai do Grajaú, periferia de São Paulo, para o seu trabalho na av. Engenheiro Luís Carlos Berrini, na zona sul, utilizando ônibus e trem.
O editor de vídeo Rafael Rocha, 28, usa a Linha 9- esmeralda da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) para chegar até o seu trabalho, em Pinheiros, na zona oeste. Ele questiona a logística feita pela companhia de ônibus e defende um tempo menor entre os coletivos.
“Não estou vendo mudança. Nas lotações e trens devia ser feito o tempo de espera para evitar tanta aglomeração dentro dos coletivos”. Rafael Rocha, editor de vídeo.
A reportagem do UOL ainda ouviu outras queixas, comuns, mas intensificadas devido ao medo da pandemia. “Lotado com sempre.” “Somos pobres, não temos outra opção.
“Não há outra escolha, os boletos não querem saber do vírus”.
“Não tem como fugir, mas os coletivos aparentemente estão mais vazios, talvez pelo medo.”
De acordo com balanço do governo federal, o Brasil tem atá agora 234 casos oficiais de pacientes com coronavírus. Outros 2.064 casos estão sob análise. São Paulo é o estado com mais casos, seguido do Rio de Janeiro.
China e Itália interferiram no transporte público.
Nos dois países onde o surto foi mais grave, China e Itália, houve medidas distintas em relação os meios de transporte.
Na China, houve restrições de circulação em treze cidades na província de Hubei, afetando cerca de 40 milhões de pessoas.
A medida de emergência foi tomada pelas autoridades para frear o contágio por coronavírus no país.
Na Itália, desde a última segunda-feira (9) há restrição total da circulação interna de pessoas no país, previstas para durar até o dia 3 de abril.
No entanto, o sistema de transporte público local não foi afetado e segue funcionando.
Há restrições quanto ao deslocamento em longa distância. Viajantes são obrigados a preencher um formulário do governo para justificar a necessidade da viagem.
A Trenitalia e a NTV-Italo, operadoras italianas de trens de longa distância, reduziram a frequência de seus serviços de alta velocidade.
As empresas fecharam as salas de passageiros nas estações, suspenderam o serviço no assento e estão tentando manter uma distância de três metros entre os passageiros dentro dos trens.
Prefeitura de SP dialoga com empresas
Na manhã desta segunda-feira (16), em seu site oficial, a prefeitura de São Paulo, em conjunto com a SMT (Secretaria Municipal de Transportes) e SPTrans, determinou a criação de um grupo de trabalho permanente com todas as empresas de ônibus do município para discutir medidas que devem ser tomadas na prevenção contra o coronavírus.
Veja quais são as medidas adotadas pela prefeitura:
Nos banheiros dos terminais, a limpeza seja feita com maior frequência;
Reforço nas mensagens sonoras de prevenção emitidas nos 31 terminais de ônibus da cidade (o que está sendo feito desde sexta-feira, 13/3);
Jornal do Ônibus com informativo sobre dicas de prevenção ao coronavírus (nos ônibus desde 6/3);
Reforço na limpeza e higienização dos ônibus, em especial nos pontos de contato com as mãos dos usuários, como balaústres e pega-mão;
Orientação para que motoristas de ônibus, cobradores e demais funcionários de operadoras de ônibus reforcem seus cuidados pessoais, lavando sempre as mãos a cada viagem realizada;
Idosos que são considerados grupos de risco, se puderem, devem evitar usar transporte público no horário de pico, quando há maior aglomeração de pessoas.
Motoristas de táxi e Aplicativos
Lavar as mãos com frequência;
Higienizar o interior dos carros, e também as maçanetas internas e externas, periodicamente ao longo do dia;
É recomendável andar com as janelas abertas para ventilação.
Orientações gerais de cuidados pessoais
Quando tossir ou espirrar, não cubra com a mão. Use a parte interna do braço;
Utilize lenços descartáveis e jogue-os no lixo após o uso;
Lave as mãos frequentemente e de maneira completa com água e sabão;
Utilize álcool em gel na impossibilidade de lavar as mãos sempre que tiver contato com superfícies de uso comum;
Evite tocar com as mãos os olhos, nariz e boca;
Evite aglomerações ou locais pouco arejados;
Evite contatos próximos desnecessários, como o tradicional aperto de mãos;
Não compartilhe objetos de uso pessoal;
Substitua reuniões por conferências eletrônicas sempre que possível;
Mantenha seu ambiente de trabalho limpo e desinfete itens de uso compartilhado.
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