Com o aumento da aversão ao risco dos investidores devido às incertezas causadas pela pandemia de covid-19 na economia, as emissões de debêntures incentivadas de infraestrutura tiveram um recuo de 40% até abril quando comparado com o mesmo período de 2019. Segundo a última edição do boletim de debêntures incentivadas da Secretária de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia, essas operações somaram R$ 3,840 bilhões no acumulado de janeiro a abril, ante R$ 6,4 bilhões apurados na mesma base de comparação em 2019.
De acordo com o coordenador geral de Reformas Microeconômicas da SPE, César Frade, a queda dessa emissões se concentrou em março e abril devido ao aos efeitos da covid-19 na economia. Ele explicou que, com uma maior aversão ao risco, os investidores passaram a exigir taxas mais altas nas operações e, por conta disso, as empresas se retraíram. Em abril foi realizada apenas uma operação no valor de R$ 700 milhões pelo Metrô SP.
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A expectativa da equipe econômica era de que as emissões incentivadas de infraestrutura superassem neste ano a marca de R$ 33,7 bilhões de 2019, mas com o cenário adverso, essa previsão foi abandonada. “Vamos passar alguns meses sem emissões”, frisou o coordenador. Para ele, será preciso aguardar alguns meses para que ocorra uma normalização do mercado e, dessa forma, as empresas voltem a emitir debêntures.
Em 12 meses, as debêntures incentivadas de infraestrutura alcançaram um volume de R$ 31,283 bilhões, ante R$ 20,382 bilhões desembolsados pelo BNDES. O prazo médio das emissões vem apresentando tendência de alta desde 2016, atingindo 15,9 anos no período de janeiro a abril de 2020.
Segundo o boletim da SPE, há uma trajetória de redução do custo desde 2015, em linha com a queda da Selic e das taxas de juros futuras no mercado. No período de janeiro a abril de 2020, a remuneração média foi de IPCA + 5,5% ao ano, superior à remuneração média verificada em 2019, de IPCA + 4,7% ao ano, mas inferior à média de IPCA + 6,6% observada em 2018.
As debêntures incentivadas continuam apresentando liquidez no mercado secundário superior ao das debêntures tradicionais. Em abril, as debêntures incentivadas apresentaram giro de 7,1% do estoque, em comparação a 5,9% das debêntures não incentivadas.
O boletim mostra ainda que as distribuições realizadas por meio da instrução 400 da CVM, que rege as ofertas públicas, ou a 476, de ofertas restritas, a participação dos investidores pessoa física alcançou R$ 27,2 bilhões até abril de 2020, correspondendo a 31% do volume total colocado desde 2012. Na distribuição setorial, predomina o segmento de energia, que concentrou 54,4% das emissões de janeiro a abril de 2020, seguido pelo setor de transporte, que atingiu 36,5% do total das emissões no mesmo intervalo.
Segundo informações do boletim, a demanda por fundos de infraestrutura vem, entretanto, decrescendo fortemente no ano. Em abril de 2020, havia 131.302 cotistas, em comparação a 179.228 investidores em dezembro de 2019, o que significa uma saída de 47.926 cotistas. A desvalorização dos ativos de crédito pode está por trás desse movimento.
Fonte: https://valor.globo.com/financas/noticia/2020/05/27/emissao-de-debenture-incentivada-recua-40.ghtml
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