Três linhas de metrô cruzando a zona leste, duas saindo de Guarulhos, mais uma a ser feita na zona norte e outra rumo ao ABC. É o que o Metrô de São Paulo planeja para os próximos anos, ou décadas, de acordo com o mapa que incluiu em seu relatório anual, publicado no início de 2020.
Esses mapas são cartas de intenções, que costumam mudar muitas vezes antes de se tornarem linhas reais e demoram muitos anos para sair do papel. Mesmo assim, é interessante ver os planos.
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Na comparação com “mapas do futuro” divulgados em anos anteriores, duas mudanças chamam a atenção. Uma é a criação de uma linha chamada 16-violeta, que cortaria o meio da zona leste, em direção ao oeste.
O ramal partiria de Jardim Brasília, seguindo por Anália Franco, Aclimação, com conexão no Paraíso e depois seguiria pelos Jardins, até Oscar Freire (linha 4-amarela).
O traçado próximo ao da linha 3-vermelha ajudaria a desafogá-la. E mais alívio virá de outro projeto, mais adiantado: o avanço da linha 2-verde até a via Dutra, passando pela estação Penha e a região de Anália Franco. Com isso, a zona leste teria três saídas via metrô, mais uma por monotrilho e três linhas da CPTM.
Veja aqui o mapa completo em alta resolução e, abaixo, um comparativo entre a rede planejada e a atual.
A outra mudança é o abandono da linha 18-bronze, um monotrilho que ligaria São Bernardo à região do Ipiranga. O projeto foi trocado por uma proposta de corredor de ônibus, e não aparece mais no mapa.
Agora, a proposta para conectar o ABC é a linha 20-rosa, que seria uma das mais longas da cidade: sairia da Lapa, na zona oeste, subiria a colina rumo à Cerro Corá, desceria pela Vila Beatriz e depois seguiria pela avenida Brigadeiro Faria Lima. Depois Moema, Indianápolis, São Judas, seguindo para São Bernardo (Anchieta e Rudge Ramos) e Santo André, terminando na estação Prefeito Saladino, da CPTM.
O projeto prevê que seja construído primeiro o trecho entre Lapa e São Judas, mas não cita datas.
Para a zona norte, há a linha 19-celeste, que já aparece nos mapas há alguns anos. Ligaria Bosque Maia, em Guarulhos, ao Anhangabaú, passando por Jardim Japão, Vila Maria, Cambuci, Pari e São Bento.
A linha 19 teve o projeto funcional aprovado e outros mapeamentos estão sendo feitos, segundo o relatório do Metrô.
Entre os monotrilhos, sumiu a proposta de levar a linha 17-ouro até o estádio do Morumbi, algo pensado para a Copa de 2014. A linha, que está em obras, irá só até a estação Morumbi, ao lado do rio Pinheiros. E a 15-prata seria estendida até Cidade Tiradentes.
Há também planos de ampliações pontuais em outros serviços: o tramo oeste da linha 2-verde passaria a ir até Cerro Corá. E a 4-amarela, até Taboão da Serra.
A 5-lilás seria estendida ao Ipiranga de um lado e até o Jardim Ângela do outro.
A 6-laranja, em obras, iria até Bandeirantes, perto da rodovia homônima, passando por Vila Clarice (CPTM) e Morro Grande. O plano inicial previa a linha só até a Brasilândia.
Na CPTM, poucas novidades. A linha 13-jade seria levada até Bonsucesso, em Guarulhos.
A linha 11-coral seria estendida até Palmeiras-Barra Funda. Nesse trecho, já há plataformas e trilhos. Basta uma decisão para que ele volte a operar.
A 9-esmeralda seria estendida até Varginha. E finalmente haveria uma conexão entre as duas estações Lapa, das linhas 7 e 8, que ficam a poucos metros uma da outra mas não permitem integração.
Já a possível linha 14-ônix, entre Guarulhos e ABC, não aparece mais no plano.
Apesar dos atrasos crônicos, o metrô passou de 65 para 101 km de trilhos nos últimos dez anos, um aumento de 56%. No entanto, a crise do coronavírus deve atrasar os planos, pois a crise econômica gerará uma provável queda de arrecadação.
O blog procurou o Metrô para comentar os projetos, mas a empresa não se pronunciou.
*Rafael Balago, jornalista e repórter da Folha.
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