Estação é revitalizada em Espírito Santo do Pinhal depois de ter virado armazém

Estação ferroviária de Espírito Santo do Pinhal, que está sendo restaurada (Divulgação)

Depois de ser utilizada até como armazém de uma cooperativa e precisar de laudo para provar que não estava contaminada, a estação ferroviária de Espírito Santo do Pinhal está renascendo num processo de recuperação que deverá ser concluído até o final deste ano.

Inaugurada em 1913 para atender aos interesses dos cafeicultores do interior de São Paulo, a estação fazia parte da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro e substituiu um prédio ainda mais antigo, construído em 1889, quando a ferrovia chegou à cidade.

Essa primeira estação foi demolida, pois estava obsoleta para armazenar o volume de café produzido pelos fazendeiros da região, que tinha como destino o porto de Santos.

A estação, e a história local, estão totalmente vinculadas ao café. O núcleo histórico da cidade, formado por 11 imóveis da elite cafeicultora e construídos entre 1880 e 1920, está tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo) desde 1992.

Eles se caracterizam pela implantação no alinhamento frontal do lote, pelo estilo eclético de influência neoclássica e pela técnica construtiva em alvenaria de tijolos, conforme o órgão do governo paulista. A cidade foi fundada na segunda metade do século 19 e originou-se da fazenda Pinhal.

O ramal de Pinhal tinha 37 quilômetros a partir de Mogi Guaçu, na chamada linha tronco da Companhia Mogiana, e atendeu passageiros e produtores rurais até o final de 1960, quando foi fechado pela empresa ferroviária.

SEM TRILHOS

Os trilhos foram retirados sete anos depois, segundo a historiadora Valéria Aparecida Rocha Torres, que coordena o projeto de educação patrimonial em torno do restauro, e a estação, quando não estava fechada, foi utilizada para variadas finalidades desde então.

Antes de ser decidida a sua restauração, foi usada como sede e armazém de uma cooperativa, que ficou no imóvel por 20 anos e o desocupou em 2019, conforme a historiadora.

O restauro começou a ser feito em setembro do ano passado, depois de um laudo da Cetesb (companhia ambiental de São Paulo) atestar que o local não tinha contaminação depois de duas décadas servindo a cooperativa.

Será um centro de convivência. Além de revitalizar, vamos requalificar o local. O prefeito, via Ministério Público, precisou intervir para a cooperativa sair. Já a Promotoria afirmou também que havia interesse histórico no prédio e que ele deveria ter outro fim, com a iminência do restauro, disse.

Segundo ela, o projeto é abrangente e, de sua parte, a intenção inicial era contribuir com a formação de alunos de história e parte do material que está sendo produzido será transformado em livro.

Quero montar um quiosque para as pessoas que têm relação afetiva, de história, que venham dar o seu depoimento. É mais um momento de recuperação da memória em termos da ferrovia.

Uma das respostas que a historiadora disse buscar tem elo com o fim melancólico que a maioria das estações e das companhias ferroviárias tiveram em solo paulista.

É preciso entender a enorme importância do trem para o desenvolvimento do país, mas também compreender a razão de ele ter sido abandonado. Havia todo um discurso do trem como progresso, mas quando chegaram os ônibus e as rodovias, o discurso mudou. O trem ficou lento, deixou de servir, houve uma descontrução. Foi muito fácil o desmonte, quase não houve resistência.

Fonte: https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2020/06/14/estacao-e-revitalizada-em-espirito-santo-do-pinhal-depois-de-ter-virado-armazem/

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