O agronegócio brasileiro veria sua receita com exportações dar um salto de até US$ 7,8 bilhões em um eventual acordo de livre comércio entre o Mercosul e o Canadá, aponta estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) antecipado à coluna. Os setores de soja, carnes, cereais, frutas, além do de farinhas e preparações, são os que mais poderiam tirar proveito da relação comercial. A maior fatia do bolo viria dos embarques de carnes, US$ 1,4 bilhão. Para os demais segmentos a estimativa também não é desprezível: US$ 771,9 milhões com cereais, farinhas e preparações, dos quais US$ 324 milhões só com milho; US$ 751,7 milhões com frutas, em especial melão, goiaba e manga, e US$ 703,9 milhões com soja em grão e farelo. O estudo será apresentado na próxima quarta-feira aos Ministérios da Economia e Agricultura, e servirá para subsidiar as negociações do acordo nos próximos meses.
Toma lá… Para que as potenciais vendas de carnes ocorram, o Brasil terá de superar o protecionismo canadense, que taxa em 26,5% a carne bovina nacional, 12,5% a suína e 11% a de frango. E o Canadá deverá suspender o embargo às carnes bovina in natura e suína daqui. O segmento contribui com meros 10% das exportações brasileiras ao país. A favor do Brasil há o interesse do Canadá por cortes nobres e carne de sistemas sustentáveis.
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…da cá Em outros acordos, o Canadá eliminou, em média, 89% das linhas tarifárias no primeiro ano de vigência. Mas eram produtos agropecuários pouco protegidos. Parte dos interesses brasileiros relacionados ao setor ainda não está na mesa, diz fonte próxima às negociações, lembrando que até a sétima rodada de conversas as propostas tinham ficado aquém do interesse de ambos os lados. Para o interlocutor, é improvável baterem o martelo ainda este ano.
Sangue novo A Terra Santa, produtora de grãos e fibras com ações na B3, ganhou cerca de mil investidores pessoa física em 3 meses. De 5.619 em março, passou para 6.603 em junho. Por trás disso está a procura de gente de fora do mercado financeiro por investimentos que tragam mais retorno do que os atrelados à Selic, hoje em 2,25% ao ano, diz o CEO, José Humberto Teodoro. Esse investidor começa por ações conhecidas, como Petrobras e Vale, mas busca conhecer empresas do agro, como nós.
Outro papo Para se comunicar com essas pessoas, a Terra Santa está reinventando sua área de Relações com Investidores, conta Teodoro. Estamos nos tornando ativos nas mídias sociais, para conversar com o dentista, o profissional liberal, que são diferentes dos gringos e investidores institucionais. A empresa tem reforçado a comunicação pelo LinkedIn, onde está há um ano. Há um mês estreou no Instagram e Twitter.
Bons frutos Após investir R$ 20 milhões em três anos no desenvolvimento de tecnologia para fertilizantes especiais, a norte-americana
Compass Minerals, de químicos, projeta crescimento no mercado brasileiro. A empresa espera alcançar de 5% a 10% do mercado do segmento com novo adubo para soja, café e hortifrúti, o Phusion Nova Geração. O Nutriflow, para milho, deve representar 15% dos insumos especiais destinados à cultura nos próximos 5 anos.
Resultado Por ano, a Compass aplica na América Latina R$ 16,5 milhões em pesquisa e desenvolvimento. O centro de inovação em Iracemápolis (SP) trabalha em conjunto com a área de pesquisa no Kansas (EUA), diz Gustavo Vasques, presidente da companhia na América do Sul. O investimento se justifica. No ano passado, 70% da receita da divisão agrícola da Compass veio de produtos criados há menos de cinco anos. Em 2019, o faturamento na região foi de R$ 1,53 bilhão, 26% da receita global.
Mudança A Embrapa estuda mudar o seu modelo de negócios para parcerias com o setor privado. Hoje a empresa recebe royalties a partir do licenciamento de tecnologias que desenvolve. A ideia agora é se associar a uma empresa para, em conjunto, desenvolver e comercializar as soluções. Isso se daria por meio de uma joint venture ou de sociedade com propósito específico. Queremos dividir riscos e lucros, afirma à coluna Celso Moretti, presidente da Embrapa.
No horizonte Pesquisa da unidade Embrapa Amazônia Ocidental sobre micro-organismos coletados da Bacia Amazônica com potencial para uso agrícola e médico pode ser o primeiro projeto nesse novo modelo, segundo Moretti. A ideia é buscar uma parceria com interessados em investir em bioeconomia dentro do Brasil ou formar fundos com investidores externos com o apoio da recém-formalizada parceria com a Apex.
Incentivo O pagamento por serviço ambiental na cadeia de soja é assunto esta semana de reunião da Tropical Forest Alliance (TFA) com produtores, governo e compradores externos. Ainda será definido se a remuneração será por prêmio sobre o valor da commodity ou por alguma vantagem de preferência no fornecimento, diz Eduardo Caldas, coordenador da TFA para o Brasil. Ele considera o benefício um mecanismo transitório, mas necessário para inserir o produtor na prática sustentável. A recompensa já é aplicada no bioma amazônico e tende a ser estendida, primeiro, para o Cerrado.
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