O porto privado do Açu, que desde 2014 movimenta cargas petrolíferas e minerais em São João da Barra (RJ) e recebe por ano 2,5 mil navios, entrará agora no segmento de fertilizantes. O primeiro navio a ancorar no porto com carga do gênero chegará em setembro com 20 mil toneladas de cloreto de potássio (KCL) destinadas à Fertipar Sudeste, do Grupo Fertipar, que firmou acordo com a Porto do Açu Operações.
Dada a largada, a expectativa é que, ao final de um ano, tenham sido movimentadas pelo terminal multicargas de Açu 150 mil toneladas de adubos. Este terminal tem área alfandegada de 182 mil metros quadrados e cais de 500 metros.
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João Braz, diretor de Terminais e Logística da Porto do Açu Operações, afirma que a proximidade geográfica com o sul de Minas Gerais e o oeste do Espírito – onde se produz sobretudo café – foi o que despertou o interesse da operadora pelo agronegócio – setor que sempre vimos com bons olhos pelo seu franco crescimento.
Para dar início ao que Braz chamou de uma primeira fase de investimentos, foram entregues dois galpões cobertos por lona com área de 6 mil metros quadrados e capacidade para armazenar até 25 mil toneladas de fertilizantes, que devem ter a área triplicada em até dois anos.
Na entressafra, a estrutura também poderá servir para estocar e movimentar outros produtos, como granéis minerais. Mas agora uma oportunidade que se mostra viável é a armazenagem de açúcar ensacado, fruto de uma alta demanda, que gerou filas extensas em outros portos.
Para Rodolfo Kieser, superintendente da Fertipar Sudeste, a possibilidade de trabalhar com mais uma alternativa para internalizar fertilizantes é importante porque o Brasil importa aproximadamente 80% do que consome e a movimentação é sazonal.
Segundo Kieser, as operações da Fertipar Sudeste atualmente estão concentradas no porto capixaba de Vitória (70%), sendo o restante dividido entre Santos (SP) e Paranaguá (PR). Em relação ao custo do fertilizante da companhia, ele conta que as operações logísticas respondem por 15% do preço dos produtos.
A partir de Açu, a empresa enviará matérias primas para as unidades de adubos que mantém em Varginha (MG) e Martins Soares (MG) usando vias rodoviárias. Integrante do Grupo Fertipar, que tem 12 empresas, a Fertipar Sudeste é a que opera com maior ênfase em café – 60% das suas vendas são para esse mercado.
Além do projeto de fertilizantes, o Porto de Açu começou a oferecer em julho um serviço de carregamento de contêineres de café e algodão por comboio oceânico vindo de portos do Rio de Janeiro, em parceria com a companhia de navegação Norsul. No futuro, João Braz não descarta que o porto possa operar também com grãos da região de Goiás, a partir da estrada de ferro EF-118, que deve ser operacionalizada até o fim desta década.
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