O Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), o chamado Banco do Brics, planeja fechar o ano com cerca de US$ 7 bilhões de emissões de títulos no mercado de capitais internacional, para emprestar a seus países sócios – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – visando a retomada da economia pós-pandemia.
O banco é novo, com apenas cinco anos em funcionamento, e nesta quarta-feira anunciou sua segunda incursão no mercado de captação em dólares. Emitiu títulos no total de US$ 2 bilhões com prazo de cinco anos e cupom fixo anual de 0,625%.
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A demanda foi maior, de US$ 2,4 bilhões, sinalizando o interesse de investidores nos papéis da instituição. Bancos centrais dos países sócios e de países como Colômbia e Costa Rica, além de outras instituições oficiais, estão entre 66% dos investidores.
A distribuição geográfica dos investidores também entusiasmou a direção do banco: foi de 57% na Ásia, 34% de Europa, Oriente Médio e África e 9% nas Américas.
Em junho, o banco tinha feito sua primeira emissão em dólar, no montante de US$ 1,5 bilhão. Também emitiu neste ano 7 bilhões de yuans (US$ 1,02 bilhão) na China. No total, fez emissões de US$ 4,5 bilhões.
Agora no último trimestre do ano restarão emissões ainda de cerca de US$ 2,5 bilhões em moeda forte, como dólar, euro ou outra.
A operação [de US$ 2 bilhões] mostra a agilidade do banco em responder ao desafio de auxiliar países membros para a retomada da atividade econômica, disse ao Valor o presidente do NBD, o brasileiro Marcos Troyjo, há três meses no cargo, em Xangai.
O banco abriu em março um programa de emergência de combate a covid-19 no valor de US$ 10 bilhões. Considerando que bancos multilaterais, como Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento, Banco Asiático de Desenvolvimento, destinaram US$ 80 bilhões para assistência antipandemia, a participação do NDB é assim de pouco mais de 10% do total.
Conforme Troyjo, dos US$ 10 bilhões o banco já emprestou US$ 4 bilhões, sendo US$ 1 bilhão cada para Brasil, China, Índia e África do Sul.
O diretor financeiro do NDB, Leslie Maasdorp, prevê empréstimos de mais US$ 1,2 bilhão para cada um dos sócios pela linha de crédito. O banco aguarda propostas precisas de projetos a serem financiados nesse contexto.
Leslie nota que Índia e Brasil estão entre os primeiros no número de contaminados pela covid-19 globalmente, sendo que vários setores foram duramente afetados e o financiamento do NBD ajuda com dinheiro barato.
É que o banco do Brics tem rating de crédito internacional AA+, podendo captar pagando juro bem mais baixo, e em seguida financia em condições mais favoráveis os países sócios.
Ao mesmo tempo, o banco continua financiando pelas linhas tradicionais projetos de infraestrutura, energia renovável etc.
O investimento em infraestrutura talvez seja a ponta de lança da retomada econômica, diz Troyjo. De um lado, há um grande estoque de poupança em busca de projetos que sejam viáveis e lucrativos, e de outro há um déficit desses projetos. Temos como banco multilateral um papel a desempenhar [nesse cenário].
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