Com apenas uma passagem de nível, na avenida Ricieri José Marcatto, e dois corredores de acesso no sentido bairro-centro, as avenidas João XXIII e Francisco Rodrigues Filho, o trânsito de César de Souza torna-se um dos mais urgentes desafios diante das projeções de adensamento urbano, ao lado de outras demandas como saneamento básico, educação, saúde, segurança e outros.
O Diário mostrou que apenas nos últimos dez anos, 5,6 mil projetos de residências e comércios foram executados, após serem aprovados pela Prefeitura de Mogi das Cruzes. A médio e longo prazo, mais de 4 mil unidades habitacionais serão construídas no Botujuru e no miolo entre a João XXII e Francisco Rodrigues Filho, tomando como limite o Rio Tietê e as proximidades da fábrica Elgin.
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O traumático exemplo sobre a inexistência de escapes para os veículos, nos horários de pico, foi mais sentido no ano passado, quando a nova unidade do Colégio Objetivo iniciou as atividades e o aumento da circulação dos carros teve reflexo nos dois caminhos. César tem cerca de 45 mil moradores, e um público flutuante formado por trabalhadores e visitantes.
O colapso no trânsito e a perspectiva de crescimento populacional com a ocupação das áreas livres do distrito sustentam a luta pela extensão dos trens de passageiros até César de Souza, iniciada há dez anos, por lilderanças do distrito.
O Plano Diretor aponta para a necessidade de se promover o desenvolvimento dessa pequena cidade dentro de Mogi, mantendo, no que se refere à mobilidade, um sistema híbrido, que integre o trem, ônibus, bicicleta e o carro, obviamente.
O secretário municipal de Planejamento e Urbanismo, Claudio de Faria Rodrigues, afirma que a qualificação de César de Souza exigirá investimentos em um sistema viário com a integração de modais, trem, ônibus e bicicleta, e na execução de obras já planificadas como a conclusão da Via Perimetral, entre o bairro do Caputera e César, um projeto que teve início há 33 anos, com o primeiro trecho que liga o distrito e o Rodeio, a avenida Pedro Romero.
Além disso, com prazo de execução previsto para os próximos cinco anos, há a previsão de se construir dois novos viadutos para interligar a João XXIII e a Francisco Ferreira Lopes, no projeto + Mogi Ecotietê.
O primeiro terá início na rotatório ao lado da ponte do Rio Tiete e do Parque Centenário, e termina na região onde está hoje a sede do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), o Socorro. O segundo também passa por cima da linha férrea, em outro ponto: na conexão entre a Francisco Rodrigues Filho e a Dante Jordão Stopa.
A previsão de Rodrigues é de lançar as licitações para essas obras nos próximos meses. Essas ligações vão favorecer a melhoria do escoamento dos carros, porém, para o crescimento projetado para essa região, reforça o secretário, o ideal mesmo será a extensao da linha de passageiros para não apenas atender os moradores do lugar.
No projeto de valorização das centralidades, César de Souza é uma aposta para a atração de empresas e de negócios em espaços como o Polo Digital, e em prédios já existentes ali. Caso, por exemplo, da Gerdau, que acaba de anunciar a expansão da planta com os investimentos na G2L, um braço de distribuição e logística, que utilizará a linha ferroviária para carta, que chega até a empresa. Ou seja, mais trabalhadores, não apenas moradores dali, vão utilizar o sistema de transporte no futuro próximo, observa.
Esse projeto vai dinamizar as rotas viárias que temos hoje, Além disso, a cidade que prevemos para o futuro, não privilegia carros, e sim fortalece outros modais e o transporte de massa, como o trem, comenta, acrescentando que a aposta do transporte de passageiros mira outros benefícios e toda a cidade. Nós teremos uma espécie de metrô de superfície porque a cidade estará integrada de leste a oeste, com as quatro outras estações em funcionamento, projeta.
Prefeitura estuda terminais de ônibus para o distrito
Para a integração do trem e os ônibus em César de Souza, a Secretaria Municipal de Planejamento e Urbanismo prevê a instalação de dois terminais de ônibus, o que não existe. Além disso, para o futuro, outra aposta para o drama viário que, neste ano, não foi muito sentido, será a conclusão dos últimos quilômetros do anel viário, que chega atualmente na rodovia Mogi-Bertioga, e interligará os bairros do Caputera, Cocuera e César de Souza. A via perimetral foi iniciada em 1987. Um dos últimos planos de mobilidade urbana, de ollho na projeção de adensamento urbano de Mogi, previu a chegada de um segundo anel viário. Esse, sim, um sonho, quando se observa que nem mesmo o primeiro foi concluído durante os últimos 30 anos.
Passagem de nível do shopping pode ser fechada
Desenhados no projeto +Mogi Ecotietê, os dois viadutos que garantirão a ocupação da extensa faixa de terrenos entre o rio Tietê e a região central de César, poderão eliminar a passagem de nível que existe hoje ao lado da estação Estudantes e do Shopping. Além disso, outra novidade será a ampliação de mais 30 quilômetros de ciclovia, ao lado de novas travessias, próximas aos dois novos parques.
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