Globo Rural – A escassez de recursos orçamentários da União e um potencial ainda não aproveitado pelo setor privado compromete a manutenção, a modernização e a ampliação da infraestrutura de transportes brasileira. E os investimentos em infraesturtura de transporte no Brasil vem diminuindo. A conclusão é da Confederação Nacional do Transporte (CNT), que divulgou, nesta semana, o estudo Conjuntura do Transporte.
Os diversos modais – rodoviário, ferroviário, aeroviário ou aquaviário – apresentaram queda no ano passado, especialmente no investimento público, de responsabilidade do governo federal. Para reverter a tendência, a CNT defende a aceleração dos planos de concessão de infraesturtura à iniciativa privada e a recomposição da capacidade de investimento estatal.
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A retomada dos investimentos públicos e privados em infraestrutura de transporte é fundamental para alavancar o crescimento econômico nesse momento de crise, enfatiza o presidente da CNT, Vander Costa, no comunicado divulgado pela entidade.
Segundo o levantamento, o investimento público federal em rodovias caiu 2,3% em relação a 2019. Foram R$ 6,74 bilhões em adequação, construção e manutenção. Descontando a inflação, o valor é 31,7% ao que se investiu em 2010 apenas para a manutenção (R$ 9,86 bilhões).
A malha rodoviária concedida à iniciativa privada também recebeu menos investimentos. O dado mais recente no estudo, referente ao ano de 2019, foi de R$ 5,47 bilhões, 17,4% que em 2018 (R$ 6,62 bilhões). Foi o menor montante, considerando período desde 2010.
A malha concessionada também experimenta situação complexa, com parte das concessionárias enfrentando dificuldades relacionadas à queda de demanda e a problemas de modelagem para aquelas da 3ª etapa (de concessões de rodovias). Em decorrência desse quadro, os investimentos também recuaram, diz a CNT, em comunicado.
No caso das ferrovias, a queda no investimento público foi ainda maior. Foram R$ 364,1 milhões, 36,9% a menos na comparação de 2020 com 2019. Com um modelo em que praticamente toda a malha é operada pela iniciativa privada, o investimento das concessionárias também diminuiu. Em 2019, também o dado mais recente no levantamento, foram R$ 3,51 bilhões, montante 26,4% inferior e quarta retração seguida desde 2016.
O cenário pode se modificar, uma vez que o governo federal reconhece o potencial das ferrovias na logística de escoamento da produção brasileira de grãos. O plano para a ampliação da malha ferroviária prevê maior participação da iniciativa privada, diz a CNT.
Já entre os aeroportos, o investimento público, de responsabilidade da Infraero, caiu 32,9% na comparação entre 2020 e 2019, totalizando R$ 318,35 milhões. Nessa modalidade, o aporte de recursos do setor privado seguiu caminho contrário: aumentou 3,3% comparando 2019 com 2018 e chegou a R$ 1,87 bilhão.
Na infraestrutura aquaviária (hidrovias e portos públicos e privados), o investimento das Companhias Docas, que administram terminais portuários públicos no Brasil foi de R$ 26,30 milhões em 2020, menor valor da última década e 59,1% a menos que no ano anterior. Nas hidrovias, por outro lado, o valor investido passou de R$ 290 milhões em 2019 para R$ 340 milhões no ano passado.
A CNT destaca que os investimentos nos terminais privados (TUP) não são divulgados pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). Mas, com base em dados do setor, a Confederação menciona que no ano passado, a carteira de investimentos de R$ 3,47 bilhões em 2020. No ano anterior, foram R$ 1,47 bilhão. De 2013 a 2020, foram R$ 51,6 bilhões.
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