Plano Safra terá incentivo para produção de milho no Brasil, diz Tereza Cristina

Valor Econômico – A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou hoje que o próximo Plano Safra terá incentivos explícitos para o aumento da produção de milho no Brasil. Ela destacou a preocupação com os níveis baixos de estoques mundiais de grãos e o reflexo disso nos custos dos criadores e na inflação dos alimentos. A ministra afirmou ainda que as commodities agrícolas terão uma mudança de patamar e passarão por um outro salto nos preços.

“Temos uma demanda aquecida. O desafio neste ano para o próximo Plano Safra é produzir mais, colocar mais gente para produzir e de maneira sustentável”, disse durante fórum virtual sobre agronegócios do BTG Pactual. “Deve vir de maneira bem clara e explícita no próximo plano o estímulo ao aumento da produção de milho e sorgo no país”, acrescentou, sem detalhes.

Tereza Cristina disse que a agricultura e a pecuária tiveram uma mudança de patamar, e é preciso incentivar a produção dos grãos para transformação em proteína, no Brasil e no exterior. “Estamos revivendo o início dos anos 2000, quando as commodities mudaram de patamar. A minha percepção é que talvez a gente tenha outro salto dos preços das commodities, temos que acompanhar de perto, e fazer nosso dever de casa”, indicou.

Segundo a ministra, o grande problema da agricultura hoje são os baixos estoques globais de grãos, que pressionam ainda mais os preços na cadeia. “Temos estoques globais muito apertados e as cadeias dependentes de ração tiveram aumento nos insumos, causando apreensão do setor quanto aos custos de produção”, disse.

Tereza Cristina afirmou ser fundamental aumentar a produção e abrir o mercado nacional para importações como forma de combater a inflação dos alimentos. Ela citou a desoneração para as importações de arroz, milho e soja, implementadas em 2020, e o aumento da cota de compra de trigo. A ministra descartou qualquer investimento na formação de estoques para combater a alta nos preços, mas sinalizou a criação de um instrumento de compensação.

No evento, o ministra cobrou mais participação do setor financeiro privado e do mercado de capitais no financiamento do agronegócio e admitiu que enfrenta dificuldades com a escassez de recursos oficiais para o crédito rural. Ela ressaltou a necessidade de maior volume para os investimentos no campo.

“Nós temos problemas hoje de escassez de recursos oficiais para o setor. O Ministério da Economia tem feito o que pode para ajudar, mas a gente precisa cada vez mais dos bancos privados acreditando e investindo no agro brasileiro”, afirmou.

Apesar da sensibilidade da equipe econômica, a ministra reconheceu a necessidade de mais recursos para fomentar o setor. “É claro que gostaríamos de ter muito mais crédito oficial para agricultura, principalmente para os pequenos e médios agricultores terem mais investimentos. Para o custeio a gente tem recursos suficientes do crédito oficial, o grande gargalo são investimentos”, pontuou. “O produtor quando tem crédito é corajoso”.

A ministra disse que a iniciativa privada precisa ajudar com linhas de crédito para armazenagem e comercialização, destinadas a produtores e cooperativas e para a ampliação das estruturas de avicultores e suinocultores.

“Ainda temos carência enorme de armazenagem e vamos ter ainda mais com as ferrovias. Precisamos de hubs de armazenagem próximos a elas e também nas fazendas e cooperativas, que se queixam muito por mais financiamento para esse tipo de infraestrutura”, ressaltou. “A gente precisaria ter uma base de crédito maior, tenho insistido com mercado de capitais para dar mais crédito, mas ainda está tímido”, cobrou.

Fonte: https://valor.globo.com/agronegocios/noticia/2021/03/12/plano-safra-tera-incentivo-para-producao-de-milho-no-brasil-diz-tereza-cristina.ghtml

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