Bamin entra para o rol dos players ferroviários

Como já era esperado, a Bahia Mineração S.A – Bamin – foi a única a apresentar proposta para arrematar o trecho I da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), entre Ilhéus e Caetité, na Bahia, de 537 km. O lance da empresa foi de R$ 32,73 milhões em valor de outorga fixa, praticamente a mesma quantia mínima exigida no certame (R$ 32,7 milhões). O leilão foi realizado ontem (dia 08) na sede da B3, em São Paulo.

A Bamin, empresa controlada pelo Eurasian Resources Group (ESG), do Casaquistão, sempre foi potencial interessada no projeto. Sua mina Pedra de Ferro está localizada a apenas 8 km da ferrovia, em Caetité. A nova concessionária terá que finalizar 25% da ferrovia, que estava sendo construída pela Valec. Para concluir as obras, precisará destinar R$ 1,6 bilhão dos R$ 3,3 bilhões previstos de investimentos ao longo dos 35 anos de concessão.

A operação na ferrovia está prevista para começar em julho de 2025. Inicialmente, a movimentação será feita com uma frota de 16 locomotivas e 1.400 vagões. Pelo menos 1.100 unidades serão destinados apenas ao transporte de minério de ferro. A expectativa do presidente da Bamin, Eduardo Ledsham, é iniciar as encomendas de material rodante em 2023.

Segundo o executivo, a Bamin deve alcançar 18 milhões de toneladas/ano de minério de ferro transportadas por ferrovia em 2025, o que vai corresponder a 30% da capacidade instalada da Fiol, de 60 milhões de toneladas/ano. Com isso, a ferrovia terá espaço (70%) para absorver outras cargas, potencialmente grãos vindos do Oeste baiano.

O presidente da Bamin diz que a empresa está preparada para assumir o desafio de operar uma ferrovia. Ele lembrou que o grupo ESG opera malhas ferroviárias na Ásia Central. “Além do conhecimento de nosso acionista, temos colaboradores na empresa hoje com competência comprovada na área ferroviária. À medida em que a operação for crescendo vamos absorvendo novos profissionais”, afirmou Ledsham.

Porto Sul
A Bamin está construindo um terminal de uso privado no Porto Sul, em Ilhéus, projeto considerado essencial para viabilizar a Fiol. O terminal, segundo a empresa, terá capacidade de até 42 milhões de toneladas por ano. A previsão é que fique pronto em 2026. Os investimentos no porto, segundo Ledsham, são de R$ 6 bilhões.

A empresa iniciou a movimentação de minério da mina Pedra de Ferro no fim de 2020, pelos trilhos da FCA. Hoje a carga sai da mina, em Caetité, e segue 41 km de caminhão até Licínio de Almeida (BA), de onde descem trens-tipo com 42 vagões até o pátio de Matozinhos, em Minas Gerais. De lá, os trens passam a ter 84 vagões e rumam até Vitória, no Espírito Santo. As composições são tracionadas na maior parte das vezes por locomotivas GE U20C. Hoje são movimentadas via ferrovia 35 mil toneladas/mês de minério de ferro. A expectativa é movimentar 1 milhão de toneladas em 2021, volume que pode dobrar em 2022.

A partir do segundo semestre deste ano, a Bamin deverá usar a malha da FCA para exportar minério pela Bahia. A previsão é que a carga continue saindo de Caetité, siga de caminhão até Licínio de Almeida, onde será feito o transbordo para malha de bitola métrica. De Licínio de Almeida, os trens percorrerão 560 km até Petim (no município de Castro Alves), onde o minério voltará para o caminhão para mais 100 km com destino ao Porto de Enseada, em Maragojipe, no Recôncavo Baiano.

Para esse trajeto na Bahia por ferrovia, Ledsham diz que aguarda investimentos da VLI. “O trecho precisa estar disponível para essa movimentação, que esperamos que alcance 2 milhões de toneladas em 2022, sendo exportadas pelos portos da Bahia”.

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