Valor Econômico – Depois da bem-sucedida abertura de capital do negócio de mineração de ferro, em janeiro, a CSN vai concentrar esforços na oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da CSN Cimentos, outro negócio para o qual a companhia enxerga amplas oportunidades de crescimento. Tanto por novas fábricas quanto por fusões e aquisições de ativos (M&A, no jargão do mercado financeiro)
“A nossa ideia é aproveitar o momento para fazer a oferta [de ações] e uma eventual M&A que apareça, no sentido de nos tornarmos um dos mais importantes ‘players’ nesse mercado no Brasil”, disse ontem o presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, em teleconferência sobre balanço do primeiro trimestre da empresa.
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O IPO da CSN Cimentos ganhou anteontem o aval do conselho de administração da controladora. O colegiado autorizou a diretoria a prosseguir com o projeto, contratando assessores jurídicos e financeiros para elaborando estudos. A divisão de cimentos ganhou vida própria no início de fevereiro.
Um dos planos para o futuro é diversificar geograficamente a atuação da Cimentos, hoje concentrada no Sudeste, em Arcos (MG) e Volta Redonda (RJ). Segundo Edvaldo Rabelo, diretor de negócios de cimento, a empresa tem cinco projetos em desenvolvimento, sendo um deles “brownfield”, que prevê aumento de 30% do volume de produção de Arcos. Outros quatro são “greenfields” (novos) e envolvem sites no Paraná, Sergipe, Ceará e Pará.
Questionados na teleconferência sobre interesse na aquisição dos negócios da LafargeHolcim colocados à venda no Brasil, os executivos não comentaram diretamente a oportunidade. “Estamos atentos a todas às oportunidades”, disse Rabelo, avaliando que a consolidação do mercado nacional de cimentos é um movimento “natural”.
No entanto, conforme antecipou o Pipeline, novo site de negócios do Valor, Benjamin Steinbruch já contratou a butique Lazard como assessora financeira para abrir negociação pelos ativos do grupo franco-suíço no Brasil, segundo disseram duas fontes ao site.
Terceira maior cimenteira no país, a LafargeHolcim colocaria em uma só tacada a CSN Cimentos bem perto do topo do ranking – hoje ocupado por Votorantim Cimentos e seguida pela InterCement – e ajudaria escalar o IPO da subsidiária, que ainda não empolga muito o mercado.
Além dos planos para a divisão de cimentos – que gera uma receita anualizada na faixa de R$ 1,1 bilhão e Ebitda em torno de R$ 410 milhões -, a companhia também está colocando esforços em atingir sua meta de desalavancagem, algo que deve acontecer “em breve”, segundo Marcelo Ribeiro, diretor executivo de relações com investidores.
A alavancagem financeira da CSN atingiu 1,29 vez a dívida líquida sobre Ebitda no primeiro trimestre e já está próxima do “guidance” de 1 vez para 2021.
Segundo Steinbruch, daqui para a frente a CSN deverá trabalhar desalavancada, com índice “eventualmente até abaixo de 0,5 vez”. “O segredo é trabalhar completamente desalavancados para poder eventualmente aproveitar as oportunidades orgânicas de crescimento e através de M&As”.
O empresário ressaltou ainda que a CSN não mudará suas prioridades de investimentos. Ele enfatizou que a companhia se concentrará nos setores em que já atua, “fazendo mais e melhor”. Além de aço, minério de ferro e cimento, a empresa atua em logística (ferrovia e porto) e na geração de energia.
Em relação às perspectivas para o mercado de aço, a CSN informou que estima crescimento de 10% para o mercado brasileiro em 2021, projeção mais otimista dos que os 5,8% esperados pelo Instituto Aço Brasil (IABR). Nesse cenário traçado, as vendas da CSN poderão atingir um “dígito duplo alto” no ano, segundo o diretor executivo comercial, Luis Fernando Martinez.
Os executivos da CSN avaliaram ainda que a cadeia siderúrgica está abastecida e que o comportamento dos preços reflete basicamente a alta dos custos. A CSN vai implementar mais um reajuste de preços do aço, de 16% a 18%, a partir de 1º de maio. “Acredito que a cadeia de valor vai acabar absorvendo esse preço, porque é questão de custo”, disse Martinez.
A CSN reverteu o prejuízo de R$ 1,3 bilhão contabilizado no primeiro trimestre de 2020 e registrou lucro líquido de R$ 5,7 bilhões nos três primeiros meses deste ano. O Ebitda ajustado cresceu 336% no comparativo anual, para R$ 5,8 bilhões.
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