Folha de S. Paulo – Durante seu governo, o ex-presidente americano Donald Trump também tentou fazer uma “semana de investimentos”, que foram marcadas por entrevistas com declarações polêmicas sobre temas do momento, enquanto jornais classificavam seu plano como “uma piada duradoura”.
Ainda candidato, em 2016 Trump propôs um plano de até US$ 1 trilhão para alavancar a infraestrutura dos Estados Unido. A ideia, que se arrastou ao longo de seu governo (2017-2020), era captar investimentos por meio da venda de títulos públicos para atualizar rodovias, ferrovias, pontes e banda larga.
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Nesta quarta-feira (7), o Ministério da Infraestrutura dá largada à sua versão brasileira, e tenta colocar em prática o que Trump não conseguiu em sua gestão. O evento, que reúne 28 leilões de ativos, na sede da B3, em São Paulo, acontece até sexta-feira (9).
Na primeira “Infrastructure Week” (Semana da Infraestrutura, em tradução livre do inglês), em junho de 2017, Trump acusou James Comey, diretor do FBI, demitido no mês anterior, de mentir durante um depoimento no Congresso sobre a investigação dos supostos vínculos de sua campanha com a Rússia.
Protelado para agosto, o evento se transformou em uma entrevista à imprensa onde o então presidente deu declarações polêmicas sobre atos de supremacia branca em Charlottesville, na Virgínia.
Com o passar dos anos, Trump aumentava as cifras de arrecadação, mas as “Semanas de Investimentos” eram marcadas por polêmicas, uma espécie de “semana da cortina de fumaça” –e nada era captado.
Em 2018, o governo aumentou o valor para US$ 1,5 trilhão para os dez anos seguintes, e Trump afirmou que “estimularia o maior e mais ousado investimento em infraestrutura da história americana”, segundo o The New York Times.
Em 2019, em um acordo com democratas, o valor do plano de infraestrutura subiu para US$ 2 trilhões. À época, o Times classificou o Infrastructure Week como uma “uma piada duradoura”. O plano de Trump continuou se arrastando e, com a pandemia de Covid-19, a arrecadação de investimentos para rodovias e outros setores ficou de lado.
Neste mês, a revista britânica The Economist retomou o assunto com o avanço dos planos de Biden, que pretende gastar US$ 2 trilhões nos próximos oito anos com infraestrutura, e resumiu a “semana de investimentos” como um eufemismo para a “incompetência do governo Trump e os esforços para se distrair de seus muitos escândalos”.
No caso brasileiro, o mercado financeiro aguarda os leilões de forma positiva. Bancos, fundos de investimento e grupos privados visitaram o ministério nos últimos seis meses interessados em fazer lances nos leilões.
Em março, em uma live para investidores, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, classificou a chamada Infra Week como um “marco na história das concessões” da pasta.
A expectativa do ministério é arrecadar R$ 10 bilhões em investimentos privados e gerar 200 mil empregos diretos e indiretos ao longo dos arrendamentos e concessões. Serão 22 aeroportos, a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), na Bahia, e 5 terminais portuários.
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