ANDRÉ KUHN
Presidente da Valec
Atualmente, o Brasil despertou para a importância de se ter alternativas mais viáveis para transporte de carga. Com a greve dos caminhoneiros, que ocorreu em maio de 2018, o País literalmente parou, gerando crise de abastecimento em diversos setores e trazendo prejuízos incalculáveis à sociedade. Outros fatores contribuíram para essa mudança de postura: o elevado custo do frete, que encarece significativamente os produtos de baixo valor agregado; o relevante número de acidentes ocasionado pelo excesso de caminhões em rodovias; a emissão de gases de efeito estufa na atmosfera, entre outros.
Esse contexto levou o Governo Federal, mediante ações do Ministério da Infraestrutura, a atuar com o objetivo de dobrar a participação ferroviária – atualmente em torno de 15% – no transporte de cargas em oito anos. Para os leigos pode parecer meta pouco ousada, mas consiste em grande passo para viabilizar o transporte multimodal, em vista dos desafios que representa.
Um dos obstáculos para o cumprimento dessa meta consiste no elevado custo de implantação das ferrovias. Com o menor orçamento público de sua história, o Ministério da Infraestrutura trabalha com criatividade e competência para viabilizar tais empreendimentos, por intermédio do maior plano de concessões de todos os tempos.
A concessão ferroviária frequentemente exige a aplicação inicial de recursos públicos significativos para se tornar economicamente viável, isto por conta de seu elevado custo por quilômetro implantado e mais longo tempo de retorno do investimento. Assim, o Governo Federal necessita de braço operacional para executar essas obras de infraestrutura ferroviária, cabendo esse papel à VALEC Engenharia, Construções e Ferrovias S.A., empresa pública vinculada ao Ministério da Infraestrutura, cuja principal missão é o fomento do transporte ferroviário no Brasil.
Diligente na busca do cumprimento de seus objetivos estratégicos e no apoio ao Ministério da Infraestrutura, a VALEC é responsável pela construção das principais ferrovias brasileiras. Com mais de 90% das obras concluídas, foi viabilizada a concessão de toda a FNS (Ferrovia Norte Sul) em 2019, espinha dorsal do transporte ferroviário brasileiro, permitindo a ligação por ferrovia do Porto de Itaqui, no Maranhão, ao Porto de Santos, em São Paulo.
Outro grande empreendimento gerenciado pela VALEC é a Ferrovia de Integração Oeste Leste-FIOL. Com aproximadamente 1.527 km de extensão, a FIOL ligará o futuro Porto de Ilhéus (no litoral baiano) à cidade de Figueirópolis (em Tocantins), ponto em que se conectará com a Ferrovia Norte Sul. Dividida em três etapas, a FIOL I, com 537 Km de extensão entre o Porto de Ilhéus à Cidade de Caetité, foi leiloada com sucesso no dia 08 de abril deste ano, tendo a Bahia Mineração S.A (Corre- tora Itaú) vencido o certame com um lance de R$32,73mi e assumido a responsabilidade de finalizar as obras para operar o trecho por 35 anos.
Quanto às demais etapas, a FIOL II, entre os municípios baianos de Caetité e Barreiras, está em construção pela VALEC. Mesmo em um cenário de pandemia, o empreendimento tem trazido benefícios econômicos para a região, oferecendo 1.100 empregos diretos e mais de 2.000 indiretos. Parte do lote 6 vem sendo executado em parceria com o Exército Brasileiro, e seu remanescente encontra- se me processo de licitação, o que irá incrementar, ainda este ano, a oferta de emprego local.
A VALEC ainda tem sob sua responsabilidade a fiscalização da construção e o recebimento de outro grande empreendimento, a Ferrovia de Integração Centro-Oeste- FICO. A primeira etapa da FICO compreende a ligação do município de Água Boa-MT à Mara Rosa-MT, ponto de encontro com a Ferrovia Norte Sul. A obra será executada pela Vale S.A., como contrapartida pela prorrogação antecipada dos contratos das ferrovias Carajás e Vitória Minas, mediante uma inovação criada pelo Ministério da Infraestrutura denominado investimento cruzado, por meio do qual os valores previstos para outorga são revertidos em execução de empreendimentos, não necessariamente no objeto da concessão prorrogada.
Apesar de as atividades citadas trazerem imensurável contribuição para o transporte ferroviário no Brasil, a VALEC busca cumprir sua missão de forma eficiente e dentro das melhores práticas de integridade, otimizando recursos e aproveitando ao máximo a capacidade técnica de seus empregados e colaboradores, principal insumo para o sucesso da empresa.
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É incrível como o Brasil só foi descobrir isso, depois de 176 anos. Ferrovia é tudo que o Brasil precisa para ter mobilidade e sair do caos em que vive.